A Academia de Medicina da Bahia, ainda não refeita do passamento recente de ilustres confrades, recebe com imenso pesar a infausta notícia do falecimento precoce e inesperado do confrade Emérito Prof. Dr. Thomaz Rodrigues Porto da Cruz.
Nascido em Aracaju, formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia (UFBA) em 1964, tendo sido aluno laureado com o Prêmio Manoel Vitorino, concedido ao estudante que obtém as melhores notas durante o curso médico.
Fez residência médica e fellowship em Endocrinologia, no New York Hospital, Cornell University, destacando-se como médico dotado de extrema competência e inteligência.
Retornando ao Brasil, iniciou a sua carreira como docente na Faculdade de Medicina da Bahia até a sua aposentadoria compulsória, sempre com muita dedicação e esmero. É considerado o introdutor da moderna Endocrinologia no Estado da Bahia, tendo criado a residência médica da especialidade.
Cientista, dedicou seus estudos à acromegalia e ao metabolismo do magnésio, entre outros assuntos.
Foi diretor memorável da Faculdade de Medicina da Bahia.
Dedicado ao associativismo, foi presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia- Regional da Bahia por 11 mandatos, cumpriu um mandato como presidente da SBEM NACIONAL e foi também diretor da Associação Bahiana de Medicina.
Ingressou na Academia de Medicina da Bahia no ano de 2003, foi seu presidente por dois mandatos (2003/2005 e 2011/2013), deixando como principal legado a modernização da sua sede.
Essa síntese da trajetória do confrade Thomaz Cruz médico, deve ser completada com as suas características de figura humana especial.
Deixou três filhos: Marla, também médica, Carlos e Isadora, frutos do seu casamento com Maria Ângela Teixeira.
Pessoa dócil, de educação primorosa fez inúmeros amigos que hoje lamentam o seu encantamento. Era pessoa alegre, culta e cativante.
Médico dedicado, competente clínico e endocrinologista, com vasta cultura em várias áreas do conhecimento humano, cuidou com zelo de gerações de pessoas durante mais de quarenta anos.
Professor, ensinava com amor e alto nível de comprometimento. Suas aulas eram exemplos de didática e atualização. Sabia fazer um exame físico como poucos e ensinava como um maestro na regência de uma orquestra.
No discurso de posse na Academia de Medicina da Bahia, parece autodefinir-se:
“Há que redimensionar a existência de certas pessoas. Determinados indivíduos merecem ter suas vidas estudadas para que se lhes atribua a devida importância. (...) por outro lado, de relação a alguns, quando morrem, parece que o significado do que foram ou fizeram às vezes se amplia. Mas não é o falecimento que os superlativa. É que realmente foram grandes, bem acima da média dos coevos. (...), mas a verdade é que deixam marcas, ficam-lhe rastros indeléveis, suas pegadas se aprofundam na história. Modestos ou tímidos alguns, polêmicos ou aparentemente difíceis outros, quando perdemos seu convívio é que vamos reconhecer, contritos, quão valiosos foram. ”
Confrade, era amado e reconhecido como um dos pilares do nosso sodalício. Deixa-nos, por indiscutível merecimento, como Membro Emérito.
Thomaz Cruz, confrade, será imortal não só para a Academia de Medicina da Bahia, mas para a medicina brasileira. Sua vida servirá de exemplo para futuras gerações, a sua obra é indelével e o seu exemplo, imorredouro.
Requiesce in pace
Acadêmico Antonio Carlos Vieira Lopes - Presidente
