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A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos publica o Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada Estado (2011-2018).

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A Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos publica o Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada Estado (2011-2018).

EDITORIAL 
Um ano muito difícil ... 
Neste ano, a taxa de doadores efetivos cresceu apenas 2,4%, tendo passado de 16,6 pmp em 2017, para 17,0 pmp em 2018, 5,5% abaixo da taxa prevista (18,0 pmp) e esse aumento foi devido à elevação em 0,6% na taxa de notificação dos potenciais doadores, e em 2,2% na taxa de efetivação da doação. Entretanto, o crescimento da taxa de transplante de órgãos com doador falecido foi de somente 0,7%, tendo passado de 41,0 pmp para 41,3 pmp, revelando um aumento na taxa de não utilização dos órgãos dos doadores falecidos. 

Destacaram-se, com taxas de doação extraordinárias, acima de 40 pmp, PR (47,7 pmp) e SC (41,0 pmp), e o PR apresentou, também, uma taxa de notificação de potenciais doadores de 108 pmp, superior, inclusive, ao teto previsto (100 pmp). Apesar de já ter notificado potenciais doadores, com taxa de 12,5 pmp, o AP foi o único estado a não efetivar doadores. 


A taxa de não autorização familiar manteve-se em 43%, tendo sido inferior a 35% apenas no PR (27%) e SC (33%) e foi superior a 70% em RR (73%), PI (74%) e MT (80%). O trauma crâneo-encefálico ocasionou a morte encefálica em 33% dos doadores, sendo superior a 50% em três estados, MA (57%), CE (57%) e PA (75%). 

Analisando as regiões, observamos que o Sul, com 35,9 doadores pmp, obteve uma taxa duas vezes superior à do Brasil (17,0 pmp) e do Sudeste (18,3 pmp), três vezes superior à do Nordeste (10,8 pmp) e Centro-Oeste (12,0 pmp) e dez vezes acima da do Norte (3,6 pmp). A notícia triste é que a região Norte, que havia crescido de 0,6 doadores pmp em 2008 para 3,7pmp em 2012, estagnou nos últimos anos numa taxa cinco vezes inferior à média do Brasil. 
Com relação aos transplantes de órgãos, o estado maior destaque foi o PR, que realizou 90,9 transplantes pmp, seguido à distância por PE (69,2 pmp) e SP (67,4 pmp), enquanto que no Brasil essa taxa foi de 41,9 pmp, distante da taxa prevista para 2021 de 60 transplantes pmp. 

Nos últimos seis anos, a taxa de transplante renal entre 2012 e 2018, manteve-se inalterada (28,5 pmp), tendo havido uma queda de 32,9% na taxa de transplantes com doador vivo, que passou de 7,3 pmp para 4,9 pmp, e aumento na taxa de transplante com doador falecido de apenas 10,3%, passando de 21,4 pmp para 23,6 pmp. A taxa de transplante com doador vivo não parente mantém-se estável, em torno de 6%. Vários fatores podem estar implicados nessa estagnação, como o fato de que seis estados, praticamente, não estão realizando transplantes renais (AM, AP, MT, RR, SE e TO) e, principalmente, porque as equipes de transplante não estão crescendo, e algumas delas estão perdendo membros, sem possibilidade de reposição, pelo não reajuste há 20 anos, dos valores do acompanhamento pós-transplante e da intercorrência pós-transplante. Apenas o PR (60,4 pmp) realizou mais do que 50 transplantes renais pmp. 
A taxa de transplante hepático cresceu 15,4 % nesses seis anos, tendo passado de 9,1 pmp a 10,5 pmp, sendo 7,6% com doador vivo. Realizaram mais do que 20 transplantes hepáticos pmp, o DF (28,3 pmp), PR (27,5 pmp) e CE 
(23,3 pmp). 

O transplante cardíaco aumentou 21,4% nesses seis anos, tendo passado de 1,4 pmp para 1,7 pmp, ainda muito distante da necessidade prevista (8 pmp). O DF (11,2 pmp) tem a maior taxa de transplante, seguido por PE (4,4 pmp). 
A taxa de transplante pulmonar teve aumento de 50% entre 2013 e 2018, tendo passado de 0,4 pmp para 0,6 pmp, muito abaixo da necessidade estimada (8 pmp) refletindo a falta de equipes de transplante. Estão ativas somente seis equipes em três estados. Apenas o RS (5,6 pmp) realizou mais do que dois transplantes pmp. A taxa de transplante de pâncreas permaneceu estável (0,7 pmp) nesse período. Apenas quinze equipes em oito estados realizaram transplante de pâncreas neste ano, sendo que seis delas realizaram somente um transplante. 

Em SP, no Hospital Albert Einstein, foram realizados quatro transplantes multiviscerais, o que nos dá a esperança que essa modalidade de transplante possa consolidar-se no país. 
Em resumo, este foi um ano muito difícil e estamos lutando para incluir no incremento financeiro do transplante, o acompanhamento pós-transplante, a intercorrência pós-transplante, a investigação do receptor para ingresso em lista de espera e o transplante simultâneo de rim e pâncreas e temos a convicção que a nova equipe do Ministério da Saúde será sensível a essa justa reivindicação, mediante contrapartida de número mínimo de transplante e de sobrevida adequada. 


Valter Duro Garcia 
abto@abto.org.br

Clique aqui  Registro Brasileiro de Transplantes

 

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