Boa noite a todas e todos. Em nome do nosso Presidente Antônio Carlos Vieira Lopes saúdo os membros da mesa, confreiras e confrades e em nome da Professora Alda, mãe de Jamary, de Paula, sua irmã e de Luciana sua esposa, saúdo a todos os presentes nesta solenidade. Aproveito a oportunidade para externar meus sentimentos às famílias, parentes e amigos das mais de 530 mil vítimas da COVID no Brasil.
Agradeço imensamente ao novel acadêmico, Professor Jamary Oliveria Filho, pelo honroso convite para fazer sua saudação como membro titular da nossa Academia de Medicina da Bahia.
Jamary é filho de Alda de Jesus Oliveira e Jamary Oliveira, nascido em Salvador/BA em 16/09/1070 no Hospital Espanhol. Aqui estudou no Colégio São Paulo e durante os períodos de pós-graduação dos pais nos Estados Unidos cursou o ensino fundamental em Boston/Massachusetts (1977-1979) e posteriormente o ensino médio em Austin/Texas (1983-1986). Em 1984, na cidade de Austin, Texas foi primeiro violinista (“espala”) de uma orquestra estudantil. No retorno ao Brasil, em 1987, antes de ingressar na universidade, foi o primeiro colocado na Olimpíada Regional de Matemática da Bahia e em 1989 obteve a segunda colocação no concurso estudantil de violino da Bahia. Jamary casou-se com Luciana Mattos Barros Oliveira em 20/12/1997, atualmente professora de fisiologia da UFBA e supervisora do Programa de Residência de Endocrinologia do HUPES, e mãe de seus três filhos Felipe Barros Oliveira e Henrique Barros Oliveira gêmeos nascidos em 7/2/2001 e Sarah Barros Oliveira, nascida em 4/10/2004.
Jamary ingressou na Faculdade de Medicina em 1989 na 6ª colocação do vestibular da UFBA. Ele relata no seu memorial que a escolha pela medicina teve duas principais influências. Seus pais, Alda e Jamary Oliveira, que eram professores da Escola de Música da UFBA e pesquisadores muito ativos do CNPq e dos tios Amélia e Roque, à época, médicos, professores e pesquisadores da UFBA na área de Imunologia, que o introduziram à ciência e despertaram a sua curiosidade pela medicina. No curso médico cita dois mentores que o influenciaram diretamente na sua carreira futura. O primeiro foi o professor Zilton Andrade por ele considerado uma figura humana fantástica, sempre disponível para discutir projetos, participar de experimentos na bancada e aconselhar sobre a carreira acadêmica. Do professor Zilton recorda o incessante estímulo para que, em qualquer ambiente onde estivesse inserido, recorresse sempre a uma pergunta original. Durante o 3o e 4o anos de Medicina obteve bolsas de iniciação científica pelo CNPq e desenvolveu integralmente projetos de pesquisa que geraram dois trabalhos publicados em revistas indexadas. Como segundo mentor cita o Professor Edgar Marcelino Carvalho Filho, médico imunologista da UFBA, modelo de pesquisador e do clínico que ele almejava ser, capaz de se manter no ramo da pesquisa com competência, sem deixar de lado a prática profissional. Com o Professor Edgar, participou de um estudo para avaliar a interação de formas clínicas de estrongiloidíase e infecção por HTLV-1, gerando mais dois artigos publicados em revista indexada. Jamary afirma que embora hoje atuando muito distante das linhas de pesquisa desses dois professores, ele traz consigo a curiosidade em pesquisa e o aprendizado do método científico que com eles apreendeu e que foram tão importantes no restante de sua carreira acadêmica. No último ano do curso, ele entendeu que a área de neurociências representava a união perfeita entre sua curiosidade científica e o desafio assistencial clínico.
Residência médica
Em 1995 Jamary iniciou a RM na USP quando se dedicou em tempo integral ao aprendizado da Neurologia com grandes profissionais como Drs.MilbertoScaff, RicardoNitrini, AntônioBacheschi, Getúlio Rabelo, Egberto Barbosa, Eduardo Mutarelli, JoséPauloSmithNóbrega e Luiz Ramos Machado, Manoel Jacobsen Teixeira e Ayrton Massaro, entre outros. Refere que o aprendizado foi intenso e até hoje utiliza os ensinamentos da época na assistência que presta aos seus pacientes.
Fellowship
Em1997, no último ano de residência, estava decidido a concorrer a umfellowship nosEstados Unidos na área de neurointensivismo. Na época, enviou cartas a diversos serviços e foi chamado para entrevista em três locais: oBarnesHospital, daWashingtonUniversity emSaint Louis, o Massachusetts General Hospital,da Harvard University em Boston, e a Columbia University em Nova York. Foi aprovado nos três locais, escolhendo Boston como seu novo lar por dois anos. O programa de treinamento em Boston era o único que combinava as áreas de Neurointensivismo e Neurologia Vascular, sendo os outros dois programas somente de Neurointensivismo. Isso definiria sua carreira futura, que hoje se aproxima muito mais da Neurologia Vascular do que do Neurointensivismo.
Quando chegou em Boston em junho de 1998, era o único brasileiro bolsista da Harvard no Massachusetts General Hospital (MGH). Nesse período ele teve a oportunidade de acompanhar pacientes com as mais variadas patologias neurológicas. Considera que o seu aprendizado durante o fellowship foi exponencial.A interação com grandes nomes da Neurologia como Ferdinando Buonanno, C.Miller Fisher, Raymond Adams, Walter Koroshetz, Lee Schwamm, Guy Rordorf e PhillipKistler, entre outros, era diária e constante. Conduziram em média 1200 casos por ano na neuro-UTI, com os casos de maior interesse discutidos em sessões semanais; e 500 acidentes vasculares encefálicos agudos(<12horas) por ano, tendo sido 48 deles submetidos à trombólise intravenosaouintra-arterial. Além do treinamento clínico intensivo, a estrutura de pesquisa montada permitiu a Jamary desenvolver projetos em paralelo. Jamary, foi o fellow que na época mais produziu trabalhos: foram 6 trabalhos originais (4 como primeiro autor e 2 como segundo autor), 2 apresentações orais em congressos internacionais e participou de 5 capítulos de livro. Nesse mesmo período, Jamary percebeu a necessidade de complementar sua formação de pesquisa. Participou de vários cursos noturnos, incluindo desenho e condução de estudos clínicos, bioestatística, didática e como redigir artigos científicos. Definiu melhor sua área de interesse: doença cerebrovascular isquêmica. Aprofundou-se nesse tema e aproveitou o tempo para completar seu projeto de tese de doutoramento pela USP. Em paralelo, com seu colega HakanAy, publicou cinco artigos em revistas de grande fator de impacto, ajudando a estabelecer a RMD como rotina na fase aguda do AVC; demonstrando de forma pioneira o papel de embolia cerebral como causa de alguns infartos lacunares; e que cerca de metade pacientes com diagnóstico clínico de ataque isquêmico transitório(AIT), apresentavam achados na RMD, e que esses achados se correlacionavam com a etiologia dos infartos.
Notando a sua produção acadêmica constante, Dr. Walter Koroshetzo convidou para redigir artigos de revisão e capítulos de livro. Publicaram dois artigos sobre o papel da neuroimagem em pacientes com AVC agudo, no Topics in MagneticResonanceImagingeCurrentNeurologyandNeuroscienceReports e 4 capítulos de livro sobre manejo na fase aguda do AVC isquêmico, AVChemorrágico e hemorragias ubaracnóidea, no UpTo Datee no livro SurgicalIntensiveCare Medicine. Em seguida ele foi convidado por Dr.Kistler,chefe do serviço de AVC, para escrever um capítulo sobre infartos lacunares no UpToDate.
Em Boston, Jamary teve a oportunidade de completar seu projeto de tese. O tema da tese, ressonância magnética de difusão no estudo dos infartos lacunares foi fruto de dois trabalhos anteriormente citados, publicados no ArchivesofNeurology (atual JAMA Neurology) e Stroke. A publicação dos resultados do estudo em duas revistas indexadas, o credenciou a solicitar na NASP a requalificação da sua pós-graduação do nível de mestrado para o nível de doutorado.
No último ano do fellowship, Jamary e Luciana receberam convites para permanecer nos respectivos serviços. Relata que voltar foi uma das decisões mais difíceis nas suas vidas, mas pensaram juntos nas possibilidades de retornar à terra natal e tentar vencer profissionalmente. A saudade da família e amigos, e o desejo de contribuir cientificamente na Bahia e no Brasil foram determinantes na decisão deles.
Após seu retorno ao Brasil, embarcou em frequentes pontes aéreas entre Salvador e São Paulo para completar as disciplinas requeridas para o doutorado. Defendeu a tese e obteve o título de Doutor em Neurologia em outubro de 2001.
Sua reinserção em Salvador ocorreu primeiramente no ambiente assistencial do Hospital São Rafael a convite do nosso confrade Professor Dr. Aroldo Bacellar. Nesse hospital desempenhou o papel de preceptor do programa de residência em Neurologia e implantou o primeiro protocolo de atendimento de fase aguda do AVC da cidade. Em 2002, foi responsável por realizar a primeira trombólise do Norte e Nordeste. Conseguiu implementar um banco de dados de casos de AVC agudo junto aos então residentes Simone Silva, Carolina Trabuco e Bruno Pedreira. Esses dados geraram uma publicação na revista Neurology, sobre o impacto deletério da redução da pressão arterial na fase aguda do AVC. Tamanho foi o impacto desse artigo na época, que recebeu editorial específico na revista, divulgação na imprensa leiga americana e depois foi citado nos consensos da American StrokeAssociationde tratamento do AVC. A nível pessoal, conseguiu provar para si mesmo que conseguiria continuar a produzir cientificamente no Brasil.
Ingressou jovem na carreira acadêmica, com pouca experiência de ensino, mas com o objetivo claro de modificar a realidade do ensino da Neuroanatomia. Assim, em 2001 foi aprovado em concurso para professor substituto na disciplina de Anatomia, do Departamento de Biomorfologia do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) e em 2002 tornou-se professor efetivo. Em 2004, como representante do Departamento de Biomorfologia no Colegiado de Medicina, conseguiu aprovar a recriação da disciplina de Neuroanatomia na graduação médica e criou também o “Curso de Extensão em Neuroanatomia Aplicada” que ajudou a disseminar o conhecimento de neuroanatomia aplicada em discussões de casos clínicos para as turmas que em anos anteriores não haviam sido expostas a esses tópicos.
Jamary pontua quatro fatos que contribuíram para o seu desenvolvimento acadêmico e para a criação de sua linha de pesquisa, quando do seu retorno a Salvador: O primeiro deles foi ter conhecido Francisco Reis, cardiologista responsável pelo Ambulatório de Cardiomiopatias. Juntos estabeleceram as rotinas iniciais de pesquisa de desfechos neurológicos de pacientes com e sem doença de Chagas e criaram o Grupo de Pesquisas em Neurocardiologia, registrado no CNPq. O segundo foi ter sido contemplado em 2003 com uma bolsa Jovem Pesquisador concedida pela FAPESB. Os recursos obtidos contribuíram para organizar o pensamento inicial e transformá-lo em um projeto viável capaz de ser executado em dois anos, e desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde da UFBA, em conjunto com um orientando de Mestrado, Pedro Antônio Pereira de Jesus. O terceiro fato foi a criação da Liga Acadêmica de Neurologia (LAN) em 2004. Um grupo de alunos da UFBA o propuseram a criação da LAN, para aprofundar os conhecimentos em Neurologia. Ele e Pedro Antônio Pereira de Jesus foram os preceptores. Até hoje esses dois campos de prática são suas principais fontes de estudos em doença de Chagas. A LAN, com 15 anos de existência, é hoje um dos modelos de sucesso das ligas acadêmicas em Salvador, com 75 ex-membros, dos quais 33(44%) escolheram como especialidade, alguma das Neurociências (Neurologia, Neuropediatria ou Neurocirurgia). E por último, em 2004, a colaboração internacional com a Dra. Karen Furie, sua preceptora no MGH/Harvard, que viabilizou seus estudos mais avançados na doença de Chagas. Desde então essa linha de pesquisa tem contado com o apoio ininterrupto de diversas agências de fomento como NIH,CNPq e FAPESB.
Pós-doutorado
Em 2012, Jamary já tinha mais de 50 artigos publicados em revistas indexadas e alunos da graduação e pós-graduação interessados em participar da sua linha de pesquisa. Um dos seus colaboradores, nosso confrade, Professor Antônio Alberto Lopes, o ajudava nas análises bioestatísticas. No entanto, lhe incomodava sua própria limitação de conhecimentos em metodologia científica. Sentia necessidade de aprofundamento no assunto, a fim de possibilitar desenhos de estudos mais criativos. Conversou com Luciana, sua colega e esposa sobre o desejo de retomar os estudos nos Estados Unidos, e ao mesmo tempo expor seus filhos (dois com 11 anos e uma filha com 8 anos à época) a um intercâmbio em família. Iniciaram um longo processo de organização logística que envolvia pedir liberação das atividades acadêmicas na UFBA, interrupção de seus vínculos privados em hospitais/consultório, reestabelecimento de contatos acadêmicos nos Estados Unidos e busca por moradia e escolas para os filhos em Boston.
Seu pós-doutorado foi realizado no MGH na condição de Neurocientista Assistente no JPK Stroke Research Program. Aproveitou a oportunidade, se submeteu e foi aprovado no processo seletivo para o Mestrado em Epidemiologia na Harvard Schoolof Public Health (HSPH). Ele passava um turno na HSPH, cumprindo os créditos do Mestrado, e no outro turno no MGH, cumprindo os projetos de pesquisa do Pós-Doutorado. Considera que foi um dos períodos de maior aprendizado e produtividade da sua carreira acadêmica. Durante o turno do MGH, ele conseguia aplicar os conhecimentos adquiridos na HSPH para elaborar projetos com os pesquisadores da Harvard, focando na neuroimagem da doença cerebrovascular. Para ele foi uma combinação perfeita que lhe rendeu um aumento da produtividade em pesquisa, e principalmente uma melhora na qualidade dos projetos que ajudou a criar a partir de então.
A seguir irei fazer um breve resumo das principais contribuições para o avanço do conhecimento científico, prática médica e políticas de saúde resultantes das pesquisas realizadas por Jamary e colegas. Esses estudos exemplificam de forma contundente a relevância da pesquisa para gerar evidencias científicas para tomadas de decisões.
Inicio destacando o estudo de série de casos de pacientes do Massachusetts General Hospital com síndromes lacunares, nos quais a ressonância magnética convencional da época (sem a sequência de difusão) teria fechado o diagnóstico etiológico de aterosclerose de pequeno vaso. De fato, após investigados, esses pacientes apresentavam mais frequentemente fontes embólicas proximais como fibrilação atrial, aterosclerose de grande vaso ou trombo intra-cardíaco. Esse estudo também ajudou a estabelecer a ressonância magnética de difusão como rotineira na investigação de acidente vascular cerebral.
O estudo sobre febre na hemorragia subaracnóide: relação com vasoespasmo e desfecho clínico publicado na prestigiosa revista Neurology, constituindo-se na primeira evidência na literatura de um efeito adverso de febre na hemorragia subaracnóide e também a primeira evidência de que ela poderia ser um sinal clínico de vasoespasmo.
Também realizou um dos primeiros estudos que demonstrou a utilidade da angiotomografia (angioTC) na fase aguda do acidente vascular cerebral(AVC). Hoje a angioTC é parte integrante da maior parte dos serviços no mundo que atendem pacientes com AVC agudo.
Ressalto ainda, o estudo que demonstrou o efeito prejudicial da redução da pressão arterial nas primeiras 24 horas do início do AVC agudo. Esses dados foram publicados na revista Neurology, com direito a editorial na mesma revista. Após a publicação, saíram várias reportagens na imprensa leiga americana sobre o artigo e por alguns anos ele foi citado na diretriz americana de atendimento ao AVC agudo.
Jamary e colegas também têm realizado pesquisas relevantes sobre as alterações no sistema nervoso central, associadas à doença de Chagas, uma doença negligenciada mais prevalente nas populações menos favorecidas. Eles demonstraram, pela primeira vez na literatura, que a doença de Chagas era um fator de risco para AVC independente da doença cardíaca; que pacientes com doença de Chagas e AVC agudo apresentaram boa evolução após tratamento trombolítico; que a doença de Chagas apresentava mais sinais de microembolia que outras cardiopatias sem doença de Chagas; e fizeram a primeira demonstração in vivo na literatura da existência de atrofia cerebral associada à doença de Chagas, além de uma revisão detalhada sobre os efeitos da doença de Chagas no cérebro adulto.
Outros estudos realizados por Jamary e colegas incluem aqueles para validação das escalas de avaliação do AVC do NIH; criação de uma escala clínica preditiva de mortalidade em crianças com traumatismo craniano, publicado na prestigiosa revista Neurosurgery; e um interessante estudo que demonstrou que o polimorfismo COX-2 rs20417 está associado a acidente vascular cerebral e doença da substância branca. Mais recentemente, realizou um estudo em que demonstra convulsões como complicação da síndrome congênita do Zika na primeira infância. Destaco ainda o artigo publicado no New England Journal of Medicine, a revista médica de maior impacto no mundo com o artigo sobre a Trombectomia por acidente vascular cerebral no sistema público de saúde do Brasil. Esse estudo foi encomendado pelo Ministério da Saúde para investigar o custo-eficácia da trombectomia mecânica. Esse foi o primeiro ensaio clínico na área de Neurologia Vascular100% desenhado e executado no Brasil; e a primeira demonstração de eficácia de trombectomia mecânica no AVC isquêmico em um país em desenvolvimento.
Jamary já contribuiu de forma significativa para a capacitação e a formação de recursos humanos nas diferentes áreas da saúde. Nos seus18 anos de docência na UFBA foi diretamente responsável pela formação em neurociências de 2.720 alunos de Medicina, além de cerca de 200 alunos de fonoaudiologia, 200 alunos de fisioterapia e 40 alunos de psicologia. No curso de medicina, foi responsável pela reestruturação da disciplina de Neuroanatomia, que se encontrava extinta há cerca de quatro anos, em decorrência da aposentadoria sem substituição dos professores anteriores. Na avaliação semestral dos estudantes de Medicina, a Neuroanatomia é geralmente a disciplina mais bem pontuada do semestre e uma das melhores do curso de Medicina, sempre com média acima de 9,0 pontos. Em reconhecimento ao seu trabalho, ele foi convidado pelos formandos em medicina para ser Patrono em duas ocasiões e Paraninfo em uma. Foi também Professor Homenageado cinco vezes e professor da Aula da Saudade duas vezes. Essas homenagens representam o reconhecimento que a classe acadêmica discente confere a um professor. Além da atuação na disciplina obrigatória de Neuroanatomia, foi responsável pela criação do Programa de Monitoria da mesma disciplina, que formou cerca de 90 monitores.
Na pós-graduação, foi responsável pela formação de 35 pós-graduandos nos programas PPgMSe PPgCS da UFBA. Atuou como coordenador do PPgCS por dois anos e ensinou em duas disciplinas: Metodologia Científica Aplicada e Bioestatística. Na residência médica em Neurologia, foi responsável pela criação do Programa de Residência de Neurologia do Hospital Santa Izabel/Santa Casa de Misericórdia da Bahia em 2011 e seu primeiro coordenador. Atualmente é preceptor de todos os programas de residência em Neurologia em Salvador – Hospital Santa Izabel, Hospital Geral Roberto Santos, Hospital São Rafael e Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES).
Em 2014, Jamary foi aprovado no concurso para médico do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES), principal hospital de ensino da UFBA e com isso conseguiu estabelecer o Ambulatório de Doenças Cerebrovasculares como campo de prática conjunto do Serviço de Neurologia do HUPES e do Departamento de Biomorfologia do ICS. Garantiu assim a continuidade dos componentes de ensino, pesquisa e extensão desse importante campo de prática na UFBA. No HUPES exerce o cargo de Supervisor do Programa de Residência em Neurologia, sendo o Chefe do Núcleo de Ensaios Clínicos da Bahia – NECBA.
Jamary tem contribuído também nas atividades de extensão da UFBA. Ele considera as atividades de extensão como uma oportunidade da Universidade se envolver na comunidade extramuros e um dever no mundo atual, onde se impõe o retorno do investimento social realizado na Universidade com os impostos do contribuinte. Nesse sentido, já se envolveu em várias atividades de extensão: Deu início ao Curso de Extensão em Neuroanatomia Aplicada, projeto semestral que chegou na sua 12ª edição. Criou a Liga Acadêmica de Neurologia, que por sua vez, através de alguns alunos membros desenvolveu uma atividade educativa nas escolas públicas e privadas de Salvador, focada no reconhecimento dos sinais e sintomas do AVC, chamado “AVC nas Escolas”. Esse projeto iniciado em julho de 2017 já beneficiou mais de 2.000 alunos das escolas de Salvador.
Através da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), propiciou ações educativas para a população sobre sinais de alerta, identificação de fatores de risco e medidas de prevenção ao AVC, tendo recebido em 2011, na condição de Presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, o prêmio de melhor campanha mundial do Dia do AVC (Dia 29 de outubro) conferido pela World Stroke Organization.
Jamary também tem realizado atividades de gestão no âmbito universitário e extra-universitário
No âmbito universitário iniciou suas atividades coordenando a disciplina de Anatomia IIA e em seguida na Neuroanatomia, atividade que desempenha de forma quase ininterrupta desde 2002 .Em seguida foi representante do Departamento de Biomorfologia no Colegiado de Medicina.
Fora do âmbito universitário, exerceu a Vice Presidência da SBDCV, por 2 anos e a Presidência por mais 2 anos (entre 2008 e 2012) contribuindo para adoção de várias diretrizes assistenciais e aprovação das Portarias 664 e 665/2012, que normatizaram a criação e o custeio pelo SUS das Unidades de AVC e do tratamento trombolítico com alteplase. Essa conquista foi uma imensa vitória, pois durante 17 anos a SBDCV, vinha solicitando ao Ministério a implementação desse tratamento de fase aguda do AVC, sem sucesso. Hoje são mais de 60 Unidades de AVC no Brasil que realizam tratamento de reperfusão de fase aguda.
Resumindo,
Atualmente Jamary é Professor Titular de Neurociências do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia e orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPgCS) da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. É pesquisador nível 2 do CNPq. Publicou 110 artigos científicos completos em revistas científicas, 21 capítulos de livros, 109 resumos em anais de congressos, sendo dois na forma de artigo e várias apresentações de trabalhos científicos. Em consulta a base de dados Scopusele tem um índice H: 25 e 2136 citações. Jamary tem contribuído de forma extraordinária para formação e capacitação cientifica tendo orientado 23 alunos de mestrado, 08 de doutorado, 16 de iniciação científica e 04 trabalhos de conclusão de curso (TCC). No momento está orientando 07 dissertações de mestrado, 07 teses de doutorado e 03 trabalhos de iniciação científica.
Concluindo, posso afirmar que o acadêmico Professor Dr. Jamary Oliveira Filho é um exemplo a ser seguido como ser humano, médico, professor, cientista, músico e cidadão. Seguramente, ele irá acrescentar muito à Academia de Medicina da Bahia.