Boa noite a todos os presentes. Incialmente saudo o Presidente da Academia, Professor Antonio Carlos Vieira Lopes, a Professora Dra. Suani representando o Magnifico Reitor da Universidade Federal da Bahia, Professor Joao Carlos Salles e o Professor Dr. Luiz Fernado Fernandes Adan, diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. Em nome deles saudo os demais membros da mesa e aos demais presentes nesta solenidade.
De forma cronológica, irei descrever as principais etapas da trajetória escolar e acadêmica da Professora Doutora Helma Cotrim: Curso Primário (ensino fundamental); Graduação em Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)- UFBA; Residência Médica no Complexo Universitário Prof. Edgar Santos (C-HUPES); Mestrado em Gastroenterologia no Instituto de Estudos Pesquisas em Gastroenterologia (IBEPEGE); Doutorado em Medicina- FMB– UFBA; Pós–Doutorado no Serviço de Hepatologia da Universidade de Barcelona- Espanha; Pós-Doutorado no Serviço de Hepatologia da Stanford University, Califórnia- Estados Unidos; Trajetória Acadêmica com atividades de ensino e assistência médica, participando da formação de novos médicos; Produção científica e participação na formação de professores e pesquisadores.
No momento ela é Professora Titular do Departamento de Medicina e Apoio Diagnóstico da FMB- UFBA desenvolvendo as atividades de ensino, pesquisa e assistência. Ministra aulas práticas e teóricas na graduação e participa de atividade da enfermaria e ambulatório na supervisão de internos e residentes, contribuindo para formação de médicos e residentes durante todos de seus anos de profissão como médica e professora. Na pós-graduação é professora do Corpo Permanente do Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde da FMB-UFBA e sua Coordenadora atual. Ministra disciplinas e orienta alunos de mestrado e doutorado. Como Líder do Grupo de Pesquisas em Esteato-Hepatite Não Alcoólica-CNPq/UFBA coordena diversos projetos de pesquisa com uma equipe multidisciplinar formada por médicos, bioquímicos, nutricionistas e educadores físicos além dos estudantes de graduação e pós- graduação. Esses projetos têm gerado publicações em revistas científicas nacionais e internacionais, teses de doutorado, dissertações de mestrado e monografias de conclusão do curso de graduação.
Helma, nasceu em Brumado, cidade do Centro-Oeste da Bahia, em 27 de março de 1952. Seus pais, Helio Cotrim Leite e Maria do Carmo Pinchemel Cotrim foram exemplo de pessoas íntegras, idealistas, lutadoras, firmes, e muito amorosas. Serviram-me de exemplo, e por isso devo- lhes o que sou, e a eles sou eternamente grata. Seu pai era funcionário público e seu grande sonho era ver suas filhas na Universidade. No dia em que ela passou no vestibular de medicina da FMB-UFBA não sabia quem era o mais feliz e orgulhoso, se ela ou ele. Ele o acompanhou com entusiasmo todo seu curso na faculdade e na solenidade da formatura para receber o diploma. Estava realizando o seu sonho de ter uma filha médica. Sua mãe foi uma respeitada e competente professora do ensino fundamental. Em Brumado, exerceu atividades de ensino e administrativas em escolas públicas estaduais. Em Salvador continuou suas atividades de educadora, e depois de funcionária do Conselho de Educação do Estado da Bahia até a aposentadoria.
Helma é a primeira de quatro filhas, que seus pais educaram com amor, carinho e disciplina. Eles tiveram sonho realizado de ter todas as filhas com diploma universitário. Suas irmãs Kátia e Alba são dentistas e Elba é arquiteta; todas formadas pela UFBA. Ela ingressou no Grupo Escolar Getúlio Vargas em Brumado aos 6 anos de idade, já sabendo ler e escrever. Foi alfabetizada por sua mãe, e segundo sua mãe frequentava a escola em sua companhia, desde os dois anos de idade. Em Brumado, nessa época não existia curso maternal ou jardim de infância. Aos 10 anos concluiu o curso primário e ingressou no ginásio. Antes teve que prestar o exame de admissão, uma espécie de vestibular para ingresso ao ginásio. Era também muito concorrido, pois não existiam vagas para todos os participantes. Cursou a 1ª, das 4 séries, no Ginásio General Nelson de Melo em Brumado. Nesse momento, seus pais decidiram que como a primeira das quatro filhas já estava no ginásio, era hora da mudança para Salvador, capital do Estado. Eles esperavam com essa mudança oferecer um futuro melhor a suas filhas.
Em fevereiro de 1964 a família se mudou para Salvador. Para ela, mudar-se para Salvador foi empolgante. Significava morar em uma cidade com muito mais oportunidades e possibilidades, estudar em um novo colégio, fazer novas amizades e, também muito importante, morar perto do mar, com o qual se deslumbrou aos 8 anos de idade quando veio a Salvador pela primeira vez. Ela cursou da 2ª à 4ª série no Colégio Estadual Manoel Devoto, no bairro do Rio Vermelho, onde também morava. Era um colégio público, recém-inaugurado, por isso com instalações impecáveis, direção rigorosa e excelente e dedicados professores. Foi uma aluna aplicada e estudiosa. Tinha consciência, apesar dos seus poucos anos de idade, que deveria corresponder às expectativas dos seus pais. Também no Colégio Manoel Devoto, viveu uma experiência interessante, participando do coral do colégio, experiência que enriqueceu sua adolescência. Nesse período e durante todo o período do ginásio, teve duas atividades extraclasses, que eram incomuns naquela época para adolescentes considerados de classe média. Seus pais, em mais uma demonstração de visão de futuro, a matricularam em aulas de inglês na Associação Cultural Brasil - Estados Unidos e seu avô José Pinchemel a matriculou em uma Escola de Música, acompanhando-a toda semana para as aulas de acordeom e teoria musical.
Em 1967, iniciou o colegial, hoje denominado ensino médio, no Colégio Estadual da Bahia ou Colégio Central. Em seguida foi selecionada para um Programa Piloto da Faculdade de Educação da UFBA, coordenado pela educadora e professora da UFBA, Professora Leda Jesuíno. O programa tinha como objetivo principal preparar os alunos para a reforma curricular dos diversos cursos da UFBA, que de fato ocorreu na década de 70. O Curso Piloto teve, portanto, a duração do curso colegial, isto é, três anos. Embora as aulas e atividades fossem realizadas no Colégio da Bahia, o curso tinha uma grade curricular específica, era de tempo integral, três vezes por semana, havia assistência psicológica aos alunos e as aulas eram ministradas por professores da UFBA preparados e motivados para aquele programa. Para Helma, foi uma experiência muito enriquecedora. Na sua visão esse, Curso Piloto foi um sucesso, pois o índice da aprovação dos seus alunos em medicina e engenharia, os mais concorridos da época, foi muito elevado.
Em janeiro de 1970 ingressou na FMB-UFBA, após um concorrido vestibular. Tinha então 17 anos de idade. A sua emoção e alegria foram muito grandes, principalmente pela felicidade que sabia estar dando aos seus pais e avós. Sabia que eles estavam realizando um sonho. Aquele que os motivaram a vir de Brumado para Salvador. O primeiro de muitos outros, que as suas irmãs também proporcionaram.
Desde o início do curso de medicina, ela se entusiasmou com todas as atividades. Entre elas, o aprendizado da anatomia, pois tinha em casa um esqueleto providenciado pelo seu avô Pinchemel, um entusiasta da sua profissão. Achava empolgantes as aulas de fisiologia e patologia, e isso a estimulava a estudar. Começou a assistir às sessões clínicas e anátomo-clínicas no Hospital das Clínicas (C- HUPES) desde os primeiros anos do curso. No 3º ano, na disciplina de propedêutica começou a frequentar as enfermarias e ambulatórios, e assim iniciar a prática médica com os pacientes, quando mais uma vez teve a confirmação que havia escolhido a profissão certa. Além das atividades curriculares, foi estagiária em vários serviços e áreas da medicina. Entre elas, a Maternidade Tsylla Balbino, onde iniciou com um estágio no banco de sangue, e depois na obstetrícia. Fez muitos partos. Foi também estagiária no Hospital Couto Maia, de doenças infecto-contagiosas, do Hospital Getúlio Vargas, de emergência médica, e em várias Clínicas e Centros de Saúde de Salvador, estagiando na área de pediatria, clínica médica e emergência.
A sua turma de Medicina ficou conhecida pelo seu envolvimento e participação em movimentos políticos e por ter médicos hoje reconhecidos nas várias especialidades por todo o país, e pelo grande número daqueles que se tornaram professores de medicina na UFBA e em outras Universidades. Nos seis anos do curso fez também amigos. Com alguns colegas continuo convivendo, porque moram e trabalham em Salvador, ou são também professores da FMB-UFBA. Na graduação são muitas as pessoas que ela não esquece e que para ela merecem ser lembradas, com quem ela teve o privilégio de conviver e aprender. Entre eles estão os Professores Gilberto Rebouças, Helio Araújo, Helito Bittencourt, Luiz Lyra, Zilton Andrade, Almério Machado, Heonir Rocha, Thomaz Cruz e muitos outros, que embora não citados têm também merecem a sua gratidão.
Em 1975, com 23 anos de idade recebeu o Diploma de Médica acompanhada de seus orgulhosos pais, avós, irmãs e toda família. Para ela foi um dia de festa para todos, um desafio vencido, e o início de uma nova etapa de sua vida pessoal e profissional. Mas, também começou a viver uma fase parecida com a do vestibular em relação às expectativas, pois estava também se preparando para o concurso de residência médica. No entanto, essa expectativa era diferente, afinal havia deixado de ser apenas uma estudante, agora era uma profissional médica com responsabilidades com o rumo da minha vida e também com muita responsabilidade com a vida de outros.
Durante o curso de Residência Medica, se encantou com várias especialidades, entre elas cardiologia, endocrinologia e Gastroenterologia. A escolha da Gastroenterologia foi influenciada inicialmente pela admiração e convivência com os Professores Gilberto Rebouças e Helito Bittencourt, quando começou a frequentar o Ambulatório da especialidade no início do 4º ano de medicina. Depois no final do 4º ano foi interna voluntária, durante as férias de verão, na enfermaria 2A do C-HUPES, chefiada então pelo Dr. Rebouças. No final desse estágio recebeu o honroso convite desse professor para continuar acompanhando as diversas atividades dos residentes de Gastroenterologia do Serviço, incluindo enfermaria, e realizações de endoscopia e biópsias hepáticas. Esse convite foi marcante na sua vida, pois o Prof. Rebouças era conhecido pela sua competência, mas também pelo seu rigor na escolha dos estudantes para trabalhar com ele. Comentava-se, na época, que para ser residente de Gastroenterologia e trabalhar com o Prof. Rebouças era preciso coragem para enfrentá-lo diariamente com suas exigências, cobranças, regras e irreverência. Com ela a experiência foi diferente. Todo o rigor e disciplina do professor influenciaram positivamente na escolha da especialidade e sua admiração por ele só cresceu.
Ela ingressou na Residência Médica no C-HUPES em 1976. No primeiro ano, durante o programa de clínica médica, teve oportunidade de conviver e muito aprender com excepcionais professores de outras áreas, como os Professores Thomaz Cruz na endocrinologia, Heonir Rocha da nefrologia, Gilson Feitosa na cardiologia, Almério Machado, na pneumologia, Álvaro Rabelo na UTI, entre muitos outros. Nunca esqueceu as visitas à enfermaria, as revisões de prontuários e as sessões clínicas com todos esses professores. Lições de experiência clínica, científica e de vida profissional. Não esquece também as sessões anátomo-clínicas, sessões de óbito, e de biópsias hepáticas coordenadas pelos Prof. Zilton Andrade e sua valorosa equipe do Departamento de Patologia da FMB. Todos eles contribuíram com sua formação profissional.
Em 1977, como estágio opcional da residência, esteve por três meses em São Paulo no Instituto de Estudos Pesquisas em Gastroenterologia (IBEPEGE)- Instituto complementar da Universidade de São Paulo (USP) coordenado pelo eminente Prof. José Fernandes Pontes. Para esse estágio foi recomendada pelo Prof. Gilberto Rebouças e o estímulo do seu colega de turma Dr. Jecé Brandão, que na época já estava no IBEPEGE. Para ela ter a oportunidade de participar desse, na época o mais famoso Serviço de Gastroenterologia do país, foi um privilégio. O Prof. Pontes era, naquela ocasião, um dos mais conhecidos Gastroenterologistas no do país e no exterior. Também para ela, conviver com o professor e pesquisador Dr Pontes, está entre os fatos mais marcantes da minha carreira. Homem de grande cultura em todas as áreas. Com ele aprendeu a importância da medicina também como uma ciência humana e a importância da relação médico-paciente.
No final do estágio, Helma retornou a Salvador para concluir a residência, mas já havia recebido o incentivo e o convite do Prof. Pontes para fazer o mestrado no IBEPEGE. Lembra-se dele ter dito: “Você pode trabalhar com projetos envolvendo as doenças do fígado para manter a tradição da Bahia, iniciada pelo Rebouças e pelo Lyra”. Para ela era mais uma oportunidade que surgia na minha vida. O Curso de Mestrado em Gastroenterologia no IBEBEGE foi o primeiro nessa área da medicina no Brasil. Por ele passaram famosos Gastroenterologistas do Brasil e muitos do exterior, como alunos ou professores. Refletiu muito sobre esse assunto e conversou muito com os seus pais. Falou da oportunidade e da mais duradoura estadia em São Paulo. Eles ficaram orgulhosos com a possibilidade de ter uma filha com Título de Mestre, a incentivaram e a apoiaram como sempre fizeram. No final de 1978 recebeu o Certificado de Conclusão do Curso de Especialização sob a forma de Residência em Clinica Médica e Gastroenterologia realizada no C-HUPES– UFBA. Nessa ocasião a sua decisão de fazer o Mestrado já havia sido tomada e essa decisão mudou o rumo da sua vida profissional.
Foi selecionada para o Mestrado, recebeu uma bolsa da CAPES e foi convidada pelo Professor Pontes para ser médica plantonista do Instituto de Gastroenterologia de São Paulo (IGESP). Essa, além de ter sido uma boa experiência profissional, ajudou-a complementar sua renda e a pagar suas despesas na época. A seguir, o Prof. José Pontes a apresentou ao Dr. Morton Aaron Scheinberg, médico imunologista, que acabava de chegar de um Doutorado nos Estados Unidos. Estava se associando na ocasião ao corpo docente do IBEBEGE, e seria o Orientador da sua tese. Sua assistente, bioquímica e também doutora Aoi Masuda foi a co- orientadora.
Com boa orientação elaborou seu primeiro projeto de pesquisa, o executou em todas as suas fases, incluindo a pesquisa bibliográfica, redação do projeto, coleta de dados clínicos, coleta de sangue e a parte experimental de laboratório. Organizou também o banco de dados, realizou as análises dos resultados, e redação da tese, hoje denominada Dissertação. Hoje como Orientadora na graduação e pós-graduação, procura mostrar aos seus alunos a importância de cada uma dessas fases na elaboração e execução de uma pesquisa.
A tese de Mestrado intitulada “Aspectos da Imunidade celular da Hepatite pelo Vírus B” teve como objetivo principal investigar o papel dos linfócitos T na patogenia das hepatites agudas e crônicas pelo Vírus B. Era um assunto novo e palpitante na literatura, naquela ocasião, e os resultados mostraram que havia diminuição dos linfócitos T em pacientes com hepatite B, o que sugeriram comprometimento da imunidade celular desses indivíduos. Em 1979 defendeu a Tese (hoje denominada Dissertação) de Mestrado no IBEPEGE, e obtive a nota máxima, isto é, 10 (dez) com louvor. Os dados foram publicados na revista Scientific Memoranda e nos Arquivos Brasileiros de Gastroenterologia.
Em 1998, já como professora da FMB-UFBA e pesquisadora, defendeu a sua tese de Doutorado com um trabalho intitulado “Estudo controlado sobre a importância da associação Carcinoma Hepatocelular (CHC) e Vírus B da Hepatite em Salvador, Bahia”. O estudo mostrou que o risco relativo de CHC entre portadores do VHB em Salvador era elevado. Chamou também a atenção para a importância da prevenção dessa infecção na cidade, com a inclusão de portadores do VHB em protocolos para diagnóstico precoce do CHC na tentativa de oferecer melhor prognóstico para esses pacientes
Em 1991, com bolsa de Pós Doutorado do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) esteve no Serviço de Hepatologia do Hospital Clinic e Provincial da Facultad de Medicina da Universidad de Barcelona. Seu plano de trabalho teve como objetivos principais, acompanhar os projetos e protocolos clínicos envolvendo o diagnóstico e a terapêutica da ascite de pacientes com doença crônica do fígado, e as condutas diagnósticas e terapêuticas no carcinoma hepatocelular (CHC). O Serviço de Hepatologia do Hospital Clinic e Provincial de Barcelona é considerado um dos melhores da Europa e do mundo, pela sua qualidade clínica e científica, e pelo volume e qualidade das suas publicações relacionada às doenças do fígado. Neste hospital frequentou ambulatórios, enfermarias, acompanhou cirurgias e transplantes de fígado, e procedimentos como punção e biópsias guiadas por ultrassonografia, uma novidade em 1991.
Ao retornar trouxe protocolos e muitas ideias, que foram apresentadas ao Prof. Luiz Lyra, chefe do Serviço. Algumas delas foram implantadas como o “Programa de Paracentese Diagnóstica e Terapêutica”. Esse funciona até hoje no Serviço de Gastro-Hepatologia do C-HUPES, e possibilitou o desenvolvimento de alguns estudos com ascite dos quais participou que foram publicados. Os projetos relacionados ao CHC envolviam métodos como tomografia computadorizada e ressonância magnética. O seu Pós-Doutorado em Barcelona deixou um saldo muito positivo. Além dos conhecimentos científicos, fez amigos e essa experiência a ajudou a amadurecer como pessoa e profissional.
Em 1993 durante uma viagem aos Estados Unidos para o Annual Meeting of the American Association of the Study of the Liver Diseases (AASLD), teve oportunidade de conhecer dois professores da Stanford University na Califórnia, o Dr. Emmett Keeff, Chefe do Serviço de Hepatologia na ocasião e o Dr. Gabriel Garcia. Em 1994 a convite desses professores foi conhecer a Universidade e ficou impressionada com tudo que viu. Decidiu que não mediria esforços para chegar até lá. Ainda não sabia como, mas sabia que não seria fácil. A Stanford University tem como ex-alunos e professores fundadores de grandes empresas, entre elas HP, Google, Yahoo e Nike. Professores e ex-alunos já ganharam 29 prêmios Nobel, dentre eles Paul Berg, responsável pela criação dos primeiros métodos de mapeamento de estruturas de DNA, e Martin Perl, físico que provou a existência dos neutrinos. Atualmente 19 vencedores da premiação dão aulas na universidade. Nesse mesmo ano enviou o seu curriculum vitae e um plano de trabalho ao Prof. Emmett Keeffee, chefe do Serviço de Hepatologiada da Universidade Stanford. Pouco tempo depois recebeu a carta de aceitação. O projeto envolveu o acompanhamento pacientes no pré e pós transplante de fígado. Essa é uma área de excelência na Stanford University, mas ainda incipiente na Bahia na época.
Em março de 1996 com Bolsa Pós-Doutorado concedida pelo CNPq iniciou seu Pós Doutorado na Stanford University. Na Califórnia foi morar no conhecido Vale do Silício, na cidade de Mountain View, que fica a 10 Km da Universidade e a 60 km de San Francisco. Foi muito bem recebida na Stanford University, apresentada a todos os membros da equipe e a programação do serviço.
O Medical Center, onde se instalou, é formado pela Faculdade de Medicina e dois grandes hospitais tem uma excelente infraestrutura. Tudo funcionava com eficiência e precisão, os funcionários eram bem preparados, e pacientes bem informados e inquisitivos. Lá desenvolveu uma programação intensa. Além de contemplar seu projeto de acompanhamento clínico no pré e pós transplante de fígado, frequentou os ambulatórios de hepatologia, com protocolos específicos para hepatites virais, hepatite autoimune, carcinoma hepatocelular e outras doenças do fígado. Acompanhou as visitas aos pacientes nas enfermarias e frequentou as reuniões científicas e as reuniões clínicas para discutir a introdução de pacientes em lista de transplante que eram excelentes, produtivas e multidisciplinares. Participavam hepatologistas, cirurgiões, enfermeiras, nutricionistas, assistentes sociais, entre outros profissionais.
Iniciou a vida profissional como médica em São Paulo como médica assistente do Prof. José Fernandes Pontes acompanhando suas consultas em consultório e no hospital e plantonista do Instituto de Gastroenterologia de São Paulo (IGESP). Embora fazendo o mestrado, esse trabalho proporcionou a oportunidade de acompanhar pacientes das mais diversas doenças do aparelho digestivo e do fígado. Nesse período fez também treinamento em Laparoscopia diagnóstica sob a orientação do Prof. Adávio Oliveira e Silva na Unidade de Fígado da USP.
Em março de 1979, de volta a Salvador, recebeu várias propostas de trabalho. Como todo médico, em inicio de carreira, aceitou diversas delas, pois precisava se firmar profissionalmente, e queria e se tornar financeiramente independente dos seus pais. Trabalhou em diversas clínicas e hospitais de Salvador como Gastroenterologista e clínica, como médica plantonista de unidades de emergência e UTI. Nesse mesmo período, por indicação do Prof. Luiz Lyra, eu fui contratada como Gastroenterologista do IAPSEB, hoje PLANSERVE (Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Estado da Bahia). Atendia em ambulatório e acompanhava pacientes em hospitais de Salvador, como Português e Espanhol.
Em 1980, ingressou também como médica do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social). Já havia sido aprovada em dois concursos realizados em 1978 por esse Instituto: Gastroenterologia e Clínica médica. Como fazia residência, e depois mestrado, assumiu a função apenas dois anos depois. No INAMPS trabalhou como plantonista de 24h semanais em uma Unidade de Emergência durante três anos. Após esse período foi convidada para ser preceptora do Programa de Residência em Medicina Social - convênio firmado pelo INAMPS com o Departamento de Medicina Preventiva (DMP) da FMB-UFBA. Passou a trabalhar em diversos Centros de Saúde de Salvador, como preceptora clínica dos residentes de Medicina Social, e a frequentar as reuniões da Residência no DMP. Atuou na residência em Medicina Social durante vários anos, e somente após a extinção do INAMPS, que o seu vínculo de médica foi transferido para o Ministério de Educação com lotação na FMB-UFBA, e depois no C-HUPES. Em 2014, depois de 34 anos, requereu sua aposentadoria desse vínculo.
Iniciou sua trajetória acadêmica com a linha de pesquisa sobre Esteato-Hepatite não alcoólica na Bahia que atualmente é certificada (Certificada pelo CNPq-UFBA e da qual é Líder do Grupo de Pesquisas). Essa é sua principal linha de pesquisa, iniciada em 1994. Envolve diversos projetos, se relacionam à Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica (DHGNA) cujo espectro inclui a esteatose, a esteato-hepatite não alcoólica (NASH), cirrose e o CHC.
Já recebeu vários prêmios científicos e títulos de especialista conforme a seguir:
Ela tem contirubuído de forma substantiva para o desenvolvimento da ciência tecnologia e inovação com a publicacao de mais 80 artigios cientificos em revistas nacionais e internacionais, na formacao e capacitação de profissionais na área de saúde, com 15 orientações de mestrado, nove teses de doutorado, 15 monografias de conclusão de curso de graduação e residência médica e orientação de 40 projetos de iniciação científica. Participou em comissões julgadoras de bancas de 38 dissertações de mestrado, 28 bancas de doutorado e seis bancas de concurso público.
Também tem desenvolvido atividades administrativas. Inicialmente, informalmente durante anos no C-HUPES, muitas vezes, atividades administrativas, substituindo o Prof. Luiz Lyra na Chefia do Serviço de Gastro-Hepatologia e atualmente nessa mesma atividade na atual chefia do Prof. André Lyra. Entre 2009 a 2012, assumiu oficialmente, após eleição pelos meus pares, a função de Supervisora do Programa de Residência em Gastroenterologia, e desde 2012 por eleição é a supervisora do Programa de Residência em Hepatologia do C-HUPES. Essas funções refletem sua vida e sua trajetória também no C-HUPES. Está no HUPES desde estudante, depois residente, médica, preceptora de residentes, e supervisora de Programas de Residência. Coordenou o Ambulatório de Hepatologia Geral das 4ª feiras por mais de 15 anos, e é a atual Coordenadora do Ambulatório de Esteato-Hepatite do qual foi a idealizadora para dar assistência a pacientes com essa doença e suporte a linha de pesquisa. Hoje é um ambulatório multidisciplinar de referência para essa doença em todo estado da Bahia, e serviu de modelo para outros Serviços de Hepatologia em todo país. Colaboram nesse ambulatório os Médicos e Mestres Ana Cristina Landin e Antonio Ricardo Andrade, seus orientandos no PPGMS; as Professoras Carla Daltro, e Raquel Rocha, suas orientandas no doutorado; doutorandos e mestrandos atuais; residentes de Gastroenterologia e hepatologia; e alunos de iniciação científica que fazem parte do seu Grupo de pesquisas. O ambulatório recebe também semestralmente alunos da graduação em medicina da FMB-UFBA matriculados na disciplina de Gastroenterologia.
No Programa de Pós-Graduação em Medicina e Saúde (PPGMS), já exerceu seis mandatos como Membro do Colegiado, dois mandatos como Vice- Coordenação, e foi eleita para a Coordenação para o triênio 2010- 1012. Em 2017 voltei a assumir a Coordenação do Programa onde estou até a presente data.
A seguir segue o resumo das atividades administrativas:
Tem participado de congressos desde a graduação, residência, quando apresentou seus primeiros trabalhos, assim como durante os períodos do mestrado e doutorado. Na condição de professora e pesquisadora tem participado de congressos cacionais e internacionais desde 1974 até a presente data, como conferencista, palestrante e coordenadora de mesas redondas e apresentando trabalhos científicos. Também, tem sido uma participante ativa das sociedades científicas e profissionais listadas a seguir:
Com base na sua experiência, no ensino, extensão, pesquisa e administrativa na área da saúde, estou convencido que a Professora Helma Pinchemel Cotrim contribuirá de forma significativa para Academia de Medicina da Bahia.