Desejo iniciar este discurso ressaltando meu orgulho e a alegria em pronunciá-lo. Porque se trata de recepcionar, na Academia de Medicina da Bahia, a drª. REINE MARIE CHAVES FONSECA.
Orgulho porque Reine, além de suas apreciadas qualidades pessoais e profissionais, foi minha cliente assídua, minha aluna estudiosa e dedicada, minha residente eficiente e habilidosa. É agora minha colega de especialidade, digna de encômios.
Alegria, por ter sido convidado a pronunciar a oração de seu investimento neste sodalício de saber e sabedoria, convite feito por ela e prazerosamente aceito por mim.
Reine Marie é filha de dona Myrthes Bacelar da Silva Chaves, que se ufana por esta posse de hoje, e do prestigioso e brilhante causídico e professor universitário Dr. Raul Affonso Nogueira Chaves, infelizmente já falecido. Seus irmãos estão orgulhosos dela. A nova acadêmica é casada com o eficiente patologista Luciano Fonseca, sendo pais de Ludmila, sua colega de profissão e da especialidade dela, e do inteligente Raphael, brilhante advogado graduado em São Paulo.
Reine Marie graduou-se em Medicina em 1980, pela tradicional escola mater da profissão no Brasil. Foi médica residente em 1981-1982, tendo seu desempenho sido sobremodo elogiável no programa de especialização da Universidade Federal da Bahia.
Cumpriu o mestrado em Medicina Interna com dedicação e brilho, tendo concluído em 1987 com a tese sobre PERFIL HORMONAL DE PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA E RETARDO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO SEXUAL ANTES E DEPOIS DA ESPLENECTOMIA, da qual fui, para meu gáudio e honra, seu orientador. Drª. Reine especializou-se em gestão hospitalar pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB, tendo sido bolsista da Fundação de Pesquisa Economicossocial.
Na George Washington University, em Washington, nos Estados Unidos da América do Norte, distinguiu-se muito nesse período de treinamento.
Foi subgerente de doenças crônico-degenerativas na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Nessa ocasião, em 1994, ajudou a fundar o Centro de Diabetes e Endocrinologia do Estado da Bahia (CEDEBA), tendo sido diretora desse órgão desde então. O CEDEBA presta assistência multiprofissional de média complexidade a pacientes diabéticos e é responsável por treinamento, capacitação e formação de recursos humanos em diabetes. Não poderia, portanto, ser outro o tema do seu trabalho apresentado ao candidatar-se à Academia de Medicina da Bahia, intitulado “CEDEBA – CENTRO DE DIABETES E ENDOCRINOLOGIA DO ESTADO DA BAHIA – UM DESAFIO NA BUSCA CONSTANTE DA EXCELÊNCIA NA SAÚDE PÚBLICA DO NOSSO ESTADO – UM CAPÍTULO NA ENDOCRINOLOGIA DA BAHIA – UMA MISSÃO DE VIDA”, que segue fiel a esta linha importantíssima em sua vida pessoal e profissional.
Drª. Reine foi por várias gestões presidente da regional baiana da Sociedade Brasileira de Diabetes, a SBD, e vice-presidente da SBD nacional por três mandatos, inclusive o atual.
Em 2005, Reine presidiu o Congresso Brasileiro de Diabetes que foi realizado na Bahia com muito sucesso.
Coordenou projetos internacionais como o da municipalização da assistência ao diabetes (PROJAD), o da interiorização de atenção ao diabetes (PRODIBA) e o de capacitação e educação em diabetes (PROCED), este em convênio de cooperação técnica com a Organização Mundial de Diabetes.
Reine recebeu múltiplas homenagens e vários prêmios de destaque na sua atuação profissional pelos relevantes serviços à Endocrinologia e à Diabetologia no Brasil.
Embora exerça a clínica médica na sua atividade privada, sua principal área de atuação é o manejo clínico do diabetes, educação e atuação em diabetes mellitus e saúde pública na Bahia.
Implantou no estado da Bahia o SDM (STAGED DIABETES MANAGEMENT – ATENÇÃO PROGRAMADA EM DIABETES).
Sua frequência a múltiplos cursos, como em doenças infecciosas e parasitárias, medicina legal, imunologia aplicada, bioquímica aplicada à genética, além de em Endocrinologia e em diabetes, reflete a polivalência de seus interesses científicos, segundo informa seu curriculum vitæ.
Na vida associativa, a empossanda é membro de várias sociedades científicas – Associação Bahiana de Medicina (ABM), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), American Diabetes Association, da Endocrine Society.
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O haicai é um pequeno poema japonês composto de três versos, sendo dois de cinco sílabas e o segundo de sete sílabas. No seu diminuto tamanho, no entanto, o haicai tem uma dimensão e profundidade impressionantes.
Millor Fernandes, famoso pelo seu humor, publicou um livro de haicais sérios, dos quais destaco um que aprecio sobremodo:
“Eu vim com pão, azeite e aço;
Me deram vinho, apreço, abraço.
O sal eu faço.”
Este haicai traduz bem a trajetória de chegada da drª Reine Marie Chaves Fonseca à Academia de Medicina da Bahia: chega preparada para pertencer a ela, merecendo ser adequadamente recebida, como habitualmente, porque pronta para participar e contribuir. Por outro lado, creio que ela também se beneficiará sobremaneira do convívio acadêmico.
Um sodalício como o nosso por certo aproveitará da presença e da atuação de alguém como a novel acadêmica. Eis o desafio que se apresenta a ela. Eu, particularmente, que tanto insisti para que ela se candidatasse à nossa Academia, vou estar constantemente a lhe lembrar – e até quase a exigir – o muito que ela poderá oferecer.
A Academia tornar-se-á mais valiosa com a sua presença , uma vez que sua potencialidade é significante. E ela não desconhece que estarei comprometido a permanentemente solicitar o que ela poderá e deverá oferecer ao sodalício, utilizando um estilo de atuação comparável ou igual ao seu eficiente desempenho no CEDEBA.
A Academia de Medicina da Bahia recebe, portanto, a drª. Reine Marie Chaves Fonseca de braços abertos, esperando que a recipiendária venha a colaborar e trazer cada vez mais importância que resulte em maior brilho e benefício ao nosso silogeu. Para o que ela, por certo, contará comigo e, faço votos, com todos os acadêmicos.
Sua cultura, sua capacidade de liderança e organização são, sem dúvida, inquestionáveis.
Seja muito bem-vinda à Academia de Medicina da Bahia, drª. Reine Marie Chaves Fonseca!
Não esqueçamos que o que vale a pena ser feito vale a pena ser bem-feito, como acentuou Nicolas Rossio, e, quero acrescentar para concluir, o que disse Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, ela foi lá e fez.”
Vamos, pois, fazer juntos, nós, acadêmicos. E que tenhamos sucesso com a contribuição da nova confreira REINE MARIE CHAVES FONSECA.
Salvador, 22 de maio de 2017.
THOMAZ CRUZ
Acadêmico