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Antonio Carlos Vieira Lopes <br> Membro Emérito
Antonio Carlos Vieira Lopes
Membro Emérito
Membro Anterior - Cadeira 26
10/07/2024
20:00
Saudação do Membro Emérito Antônio Carlos Vieira Lopes ao Confrade Roberto Badaró - Prêmio Mérito Acadêmico 2023

O Acadêmico e Membro Titular da Academia de Medicina da Bahia, Prof. Dr. Roberto José da Silva Badaró, recebe da Academia de Medicina da Bahia o Prêmio Mérito Acadêmico – 2023 - na categoria Medicina Assistencial 

A Solenidade de outorga do Prêmio ocorreu na sede da Associação Baiana de Medicina. O discurso de saudação ao homenageado foi proferido pelo Membro Emérito da Academia de Medicina da Bahia Prof. Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes. 

DISCURSO DE SAUDAÇÃO AO CONFRADE ROBERTO BADARÓ

PRÊMIO MÉRITO ACADÊMICO-2023 

Obedecendo o regulamento e na condição de um dos propositores do nome do médico e confrade Roberto José da Silva Badaró, para receber o Prêmio Mérito Acadêmico, declaro-me honrado pela relevante incumbência de justificar desta tribuna os motivos, fruto da generosidade do confrade César Augusto de Araújo Neto, notável presidente do nosso sodalício 

O professor Dr. Roberto José da Silva Badaró é médico formado pela Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia em 1976. 

Fez residência médica em doenças infecciosas e parasitárias no Instituto Emilio Ribas, em São Paulo.

Em 1979, foi para os Estados Unidos unicamente para estudar inglês, numa escola de filosofia o   Beaver College, em Glenside, Philadelphia.

Conclui seu curso com uma dissertação sobre a obra de William Shakespeare, Hamlet.

Ao retornar dos Estados Unidos em 1980, foi contratado pelo Instituto de Infectologia Emilio Ribas, para ser preceptor de médicos residentes. Trabalhando com o Professor Paulo Ayrosa Galvão, tornou-se seu assistente .

Qualificou-se como médico especialista em doenças Infecciosas e Parasitarias e foi um dos fundadores de uma nova especialidade médica, a Infectologia, junto com ícones da medicina  a exemplo de Ricardo Veronesi, Paulo Ayrosa Galvão, Roberto Focaccia, Walter Tavares e muitos outros.

Mais tarde esse mesmo grupo fundou a Sociedade Brasileira de Infectologia em 1980, tendo sido seu presidente no período de 1996-1999.

Junto com seus mentores entre os quais o saudoso Professor Rodolfo Teixeira e o Professor Thomas Clifford Jones da Cornell University, criou a revista The Brazilian Journal of Infectious Diseases, um dos principais jornais Brasileiro de Infectologia , da qual foi Editor Chefe durante 10 anos.

Nos anos 80 tornou-se professor da Cornell University, trabalhando no New York Hospital de 1984 a 1990. 
Em 1988, assumiu a chefia da Divisão de Medicina internacional do mesmo hospital. 

 Assim, escreveu projetos para a National Institutes of Health (NIH) e trouxe juntamente com os professores Thomas Clifford Jones, Warren Johnson, Steven Reed, Heonir Rocha, Rodolfo Teixeira, Zilton Andrade,  Sonia Andrade, Edgard Carvalho, Manuel Barral e Aldina Barral verbas para pesquisas científicas na área de Leishmaniose. 

Em 1990 foi convidado pelo prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 1952, mesmo ano em que nascia o nosso homenageado acadêmico Roberto Badaró, (Teria sido uma coincidência cósmica ou um fenômeno espiritual ?) e pelo  Dr. John David da Universidade de Harvard para ser professor Visitante Titular da referida universidade.

Trabalhou no Brigham Woman Hospital, da Havard, entre 1992 a 1996. 

Descobriu com seu parceiro de pesquisa Dr. Steven Reed de Seattle, Washington, EUA, o mais importante antígeno para diagnostico da Leishmaniose Visceral a Proteína rK39. 

No ano de 2.000, foi convidado pelo Professor Robert Schooley da Universidade de San Diego, em San Diego California para chefiar a divisão de medicina Internacional. Nesta divisão desenvolveu importante trabalho de educação médica e transferência de tecnologia com a Universidade de Moçambique, na África, onde hoje existe um grande instituto de pesquisa que ajudou a criar, com a participação do nosso confrade Reinaldo Martinelli. 

A História da Infectologia Brasileira se confunde com a história de vida médica e acadêmica do nosso confrade Roberto Badaró, que ingressou nessa Academia de Medicina da Bahia em 10 de julho de 2003 por sugestão do saudoso professor Heonir Rocha, membro ocupante  da cadeira 14. 

A formação médica e cientifica do nosso acadêmico Roberto Badaró é exemplar. 

É o infectologista Brasileiro mais citado em revistas internacionais. São mais de 600 trabalhos publicados, indexados no PUBMED com um índice H e impacto científico de 61.

Devemos destacar a sua atuação em três grandes epidemias no país. 

A primeira nos anos 80 a epidemia de HIV/AIDS. 

Na Bahia, ele foi o primeiro médico a publicar os casos de AIDS no Brasil. 

Criou uma equipe de infectologistas e liderou a luta contra a AIDS na Bahia e no Brasil e como membro de comitês do Ministério da Saúde, participou de mais de 40 estudos clínicos para desenvolvimento das drogas antiretrovirais. 

Criou a unidade de infectologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos, Hospital das Clínicas, junto com o acadêmico Professor Rodolfo Teixeira e o meu colega de turma Dr. José Carlos Bina de Araújo.

Também lhe é devido a criação do Centro de Referência de Aids do Estado da Bahia, Creaids, hoje Cedap, especializado em doenças sexualmente transmissíveis. 

EM  2014 é convidado pelo nosso Confrade Fabio Villas Boas ocupante da cadeira 41 para ser o seu subsecretario de Saúde do Estado da Bahia, no governo de Rui Costa.

 Juntos inauguraram o novo hospital Couto Maia e construíram o Hospital da Mulher, Hospital Maria Luiza Costa dos Santos, tão reclamado pela comunidade médica. 

Enfrentou a epidemia de Dengue, Chikungunya e Zika, implantando o serviço de vigilância sanitária no Estado da Bahia, hoje importante órgão da SESAB.  

Contraiu Dengue, felizmente de baixa gravidade. 

A terceira epidemia enfrentada pelo nosso confrade Roberto Badaró, que quase o matou, a Covid -19.

Junto com o então secretário de saúde o confrade Fabio Vilas Boas implantara o lockdown, o uso de máscaras e o álcool gel no Estado da Bahia. 

Fechado há seis anos, o então secretário de Saúde Fabio Villas Boas por recomendação do confrade Badaró, reabre o hospital Espanhol para tratamento de pacientes graves com pneumonia por Covid-19 e é nomeado diretor médico.

Desafio aceito, ele inicia estudos científicos e acompanhamento diário dos pacientes internados, desenvolve protocolos de tratamento importantes.

 Diz Badaró, “era comum no período inicial do tratamento da doença a utilização apenas de medicações sintomáticas, mas  em contato com vários médicos do mundo verificamos  que a trombose com elevação acentuada do D dímero matava os pacientes com fenômenos tromboembólicos associada à grave pneumonia. Instituímos um tratamento com corticoide associado ao anticoagulante Enoxaparina sódica, Ivermectina e azitromicina utilizado em mais de 18 mil pacientes, 12 mil no meu consultório e 6 mil internados no Hospital Espanhol da Covid-19. 

A eficácia do esquema utilizado foi reconhecida em uma publicação do grupo Coventry de Londres evidenciando uma queda da mortalidade dos pacientes com pneumonia por covid -19”. 

O nosso confrade Roberto Badaró foi vítima da doença. 

São suas as colocações:

“Quando me vi doente com 75% do meu pulmão tomado pela Covid-19, montei  uma UTI em casa , convidei o  Dr. Sergio Jesler e a infectologista Fabianna Bahia Souza, e ordenei: não me internem, basta me dar oxigênio sob pressão.” 

Continua Badaró: “Assim foi feito, tomei Ivermectina, anticoagulante, azitromicina e corticoide, sem sair de casa, provei  em mim próprio o que estava fazendo com os  meus  pacientes”. 

Sua atividade científica também foi intensa. 

Durante a Covid-19 publicou mais de 20 trabalhos científicos com seu grupo de pesquisa no Senai -Cimatec, onde hoje é pesquisador chefe do Cimatec Saúde, a maior instituição Brasileira em supercomputação, novas tecnologias e inteligência artificial aplicada à saúde. 

Mas ele fez muito mais para orgulho nosso, se analisarmos outros feitos durante a sua vida de médico, pesquisador e professor de medicina, só podemos dizer, trata-se de um médico exemplar, um cidadão incomum. 

Destarte, publicou os primeiros estudos epidemiológicos da infecção pelo HTLV, mostrando a sua alta prevalência do estado da Bahia, seguido dos trabalhos publicados pelo confrade Bernardo Galvão, confirmando os achados e identificando ser a Bahia o estado brasileiro com a mais alta prevalência.

Ao apresentar-lhes este breve sumário do Curriculum Vitae do nosso confrade Roberto José da Silva 

 Badaró, pois seria exaustivo descrevê-lo por extenso, dou-me por satisfeito ao justificar a sua escolha para o prêmio de Mérito Acadêmico na categoria Medicina Assistencial, do ano de 2023 da nossa egrégia Academia de Medicina da Bahia.  

Muito Obrigado

Prof. Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes
Membro Emérito da Academia de Medicina da Bahia

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