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Crésio de Aragão Dantas Alves
Crésio de Aragão Dantas Alves
Membro Titular
24/04/2023
20:00
Discurso de Posse na Academia de Medicina da Bahia de Crésio de Aragão Dantas Alves

Ilustríssimo Senhor Presidente da Academia de Medicina da Bahia, Prof. Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes,

Ilustríssimo Senhor Prof. Dr. Luis Fernando Adan, diretor da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, em nome do qual saúdo todos os colegas e funcionários de nossa bicentenária Faculdade,

Ilustríssimos Prof. Dr. Roberto Paulo Correia de Araujo e Prof. Dr. Eduardo Pondé de Sena, em nome dos quais saúdo os professores, técnicos e alunos do Programa de Pós-graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia,

Ilustríssima Senhora Acadêmica Emérita Profa. Dra. Eliane Elisa de Souza e Azevedo, em nome da qual saúdo os Acadêmicos Eméritos,

lustríssimo Senhor Secretário Geral da Academia de Medicina da Bahia, Prof. Dr. César Augusto de Araújo Neto, em nome do qual saúdo os Acadêmicos Titulares,

Ilustríssimos colegas e funcionários do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, Hospital São Rafael e Hospital Geral Roberto Santos,

Ilustríssimos estudantes da graduação e pós-graduação, residentes atuais e pregressos, familiares, amigos, e demais presentes à esta cerimônia.

O dia 16 de maio de 2022 será lembrado, por mim, com muito carinho. Nessa data, fui eleito para assumir uma cadeira na vetusta Academia de Medicina da Bahia, uma das mais importantes instituições médicas de nosso estado. É uma honra fazer parte desse sodalício que reúne médicos e intelectuais que admiro e respeito, alguns meus ex-professores e outros, atuais colegas de profissão.

Agradeço a Comissão Julgadora presidida pelo acadêmico e membro emérito Prof. Dr. José Antônio de Almeida Souza e pelos acadêmicos Profa. Dra. Maria Betânia Pereira Toralles e Prof. Dr. José Humberto Campos, que emitiu parecer favorável ao Memorial que apresentei para concorrer a uma vaga nessa insigne Academia.

Aos confrades e confreiras pela confiança em me aceitarem e elegerem como Membro Titular da cadeira de número 21 desta renomada Academia de Medicina da Bahia. Desde já, comprometo-me em bem servir aos objetivos da instituição, com humildade, ciência, e humanismo em prol da cidadania.

A Profa. Dra. Licia Maria Oliveira Moreira por ter sido a mentora da minha entrada para a Academia, indicando meu nome para participar do processo seletivo; e pelo afetuoso e comovente discurso da minha saudação.

A Profa. Dra. Luciana Rodrigues Silva pelo exemplo, pelo constante estímulo e por me abrir as portas para a gestão associativa na Sociedade Brasileira de Pediatria com ações em defesa das crianças e dos pediatras de todo o Brasil.

Ao Prof. Dr. Roberto Paulo Correia de Araujo, pelo convite para compor o primeiro Colegiado do Programa de Pós-graduação Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia e pela parceria na pós-graduação desde então.

Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes, presidente dessa Academia, pela excelência com que preside essa casa e pela compreensão em permitir que a minha posse pudesse ser realizada de modo virtual, uma vez que circunstâncias inesperadas me impediram de tomar posse presencialmente no salão nobre da Faculdade de Medicina da Bahia.

A Profa. Dra. Leila Maria Batista Araújo, por ter representado os confrades e confreiras na primeira parte desta solenidade.

Aos meus colegas do Serviço e da Residência Médica de Endocrinologia Pediátrica do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos da Faculdade de Medicina da Bahia, pela qualidade técnica e humanismo com a qual exercem sua profissão.

A todos professores, colegas, alunos e colaboradores que partilharam e partilham comigo dessa caminhada. Seria impossível nomeá-los sem cometer o pecado de uma indelicada omissão.

A todas as crianças e adolescentes, pais e responsáveis, que confiaram e confiam sua saúde e suas vidas ao meu cuidado, contribuindo para meu aperfeiçoamento na prática médica.

Aos funcionários que trabalham em minha casa, por sua contribuição e zelo nas tarefas do dia a dia.

Agradeço a Deus, por manter minha fé inabalável mesmo em face de diversas adversidades

Agradeço a minha família, alicerce do que eu sou: meu pai Fernando (in memoriam) e minha mãe Denise, pelo amor incondicional e por me ensinarem honestidade, ética, amor, compaixão e respeito ao próximo, aos meus três irmãos, Fernando, Octávio e Frederico, exemplos de fraternidade, sempre juntos comigo, em todos os momentos de minha vida, celebrando as minhas alegrias e confortando as minhas tristezas, aos meus sobrinhos, cunhadas, tios e primos por tudo que já vivemos juntos.

Registrados meus agradecimentos, descrevo um pouco da história e objetivos da Academia de Medicina da Bahia que tem sua sala-sede localizada na Faculdade de Medicina da Bahia, localizada no Terreiro de Jesus, em Salvador - Bahia. A Academia
de Medicina da Bahia foi fundada em 10 de julho de 1958, idealizada pelo Prof. Dr. Jayme de Sá Menezes e tendo como primeiro presidente o Prof. Dr. João Américo Garcez Froes. Atualmente, ela é formada por 50 membros titulares e 7 membros eméritos. Entre os vários objetivos da academia destaco: apoiar a educação e pesquisa científicas; promover e auxiliar movimentos com fins educacionais e culturais que se relacionem com a profissão médica; atender às consultas das autoridades constituídas; e dar parecer sobre questões profissionais e de interesse da classe médica. Para isso, ela estimula estudos e discussões sobre os diversos temas e desafios da medicina atual, para que ela avance e seja accessível e de qualidade para todos. Adicionalmente, promove cursos e eventos científicos sobre medicina e humanidades médicas e premia indivíduos que contribuem para o progresso da medicina.

Tendo lhes apresentado um pouco da história e objetivos da Academia de Medicina da Bahia, recorro agora, as palavras do Acadêmico Edvaldo Boa Ventura, ao dizer que uma das mais nobres tradições da Academia é o culto a imortalidade, ou seja, a “presença permanente dos que se foram em nós”. Sendo assim, e mantendo a tradição da imortalidade faço um breve panegírico, aos eminentes médicos que me antecederam na cadeira de número 21 que agora tenho a honra de ocupar: Prof. Dr. Francisco de Castro, o Patrono; Prof. Dr. Jayme de Sá Menezes, o primeiro sucessor; e Prof. Dr. Nilzo Augusto Mendes Ribeiro, meu antecessor e agora membro emérito desse egrégio sodalício.

Francisco de Castro (1857-1901)

Francisco de Castro, o patrono da cadeira 21, nasceu em 17 de setembro de 1857, na cidade de Salvador - Bahia. Era filho único de Joaquim de Castro Guimarães, negociante português, e de Maria Heloisa de Mattos Castro.
Foi casado com Maria Joana Monteiro Pereira de Castro, com a qual teve três filhos, entre eles Aloysio de Castro que foi professor catedrático de patologia e clínica médica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Ficou órfão de mãe muito cedo. Cursou os estudos iniciais no Ateneu Baiano. Aos 16 anos, viajou para Paris com seu pai a fim de aperfeiçoar seus estudos, familiarizando-se com o idioma, a ponto de escrever versos em francês.
Em 1874, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, concluindo o curso, em 1879, com a dissertação intitulada “Da correlação das funções”.
Logo após a formatura, retornou para o Rio de Janeiro, onde havia cursado parte de seu ensino médico, para lecionar na Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro. No início, regeu as cadeiras de patologia geral, patologia interna e fisiologia.
Em 1891, assumiu a cátedra de clínica propedêutica. Em 1895 foi vice-diretor e, em 1901, diretor da Faculdade.
Entre 1879 e 1881, foi um dos editores dos “Annaes da Academia de Medicina:” e da “Revista Brasileira”.
Em 1881, foi admitido na Academia Imperial de Medicina, atual Academia Nacional de Medicina, com a memória “Centros Córticos e Psicogênicos”, sendo Patrono da Cadeira de no. 14.
Serviu, entre 1887 e 1889, como 2º cirurgião-tenente do Hospital Militar da Guarnição da Corte.
Foi professor de alemão na Escola Superior de Guerra. Sua fluência na língua alemã, serviu para introduzir teorias dos cientistas germânicos no ensino médico.
Além de ser eleito para a Academia Imperial de Medicina, também foi eleito, em 1889, para ocupar a Cadeira de no. 13 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão do Visconde de Taunay, mas não chegou a tomar posse.
Preocupado com a saúde pública, ocupou, em 1892, o cargo de coordenador da Diretoria Sanitária da Capital Federal e, posteriormente, entre 1894 e 1897, o cargo de diretor-geral do Instituto Sanitário Federal.
Como contribuição ao ensino médico, publicou, em 1896, o Livro “Tratado de Clínica Propedêutica”, um dos mais primorosos livros da literatura médica nacional.
Muitos o chamavam “o divino Mestre”. Sobre ele, Rui Barbosa se expressou: “Era Castro, em nossa terra, a mais peregrina expressão de cultura intelectual que jamais conheci. Tenho encontrado, em nossos naturais, raramente, artistas e sábios. Mas nele se me deparou, entre brasileiros, o primeiro exemplo e único até hoje, a meu parecer, de um sábio num artista. Em Francisco de Castro brilhava a mesma vocação consumada nas Letras e na Medicina”.
Além de médico foi orador, escritor, filólogo e poeta, tendo sido amigo de Guilherme de Castro, irmão de Castro Alves, poeta que exerceu grande influência em sua poesia. Também foi médico e amigo de Ruy Barbosa. Publicou poesias, inspiradas no Romantismo, com o pseudônimo Luciano de Mendazza, as quais foram reunidas no volume “Harmonias Errantes”, prefaciado por Machado de Assis.
Uma estátua em sua homenagem foi erguida na sede da Faculdade de Medicina, então na Praia Vermelha, e posteriormente transferida para o Centro de Ciências da Saúde no campus da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Faleceu no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1901, muito jovem, aos 44 anos, vítima de uma pneumonia contraída no exercício de sua prática clínica.

Jayme de Sá Menezes (1917- 2001)

Jayme de Sá Menezes, primeiro ocupante da cadeira 21, nasceu em 3 de abril de 1917, na cidade de Salvador – Bahia. Filho de Arthur de Sá Menezes e Luiza América de Sá
Menezes. Seu pai, foi um dos fundadores da Escola Politécnica da Bahia, onde recebeu o título de professor honorário, em 1938.
Jayme de Sá Menezes é descendente de Diogo de Rocha Sá, sobrinho de Mem de Sá, que foi o terceiro governador-geral do Brasil.
Seu padrinho de batismo, Francisco Marcelino de Souza Aguiar, professor da Escola Politécnica da Bahia, foi prefeito do então Distrito Federal, entre 1906-1909. Sua madrinha foi sua tia Amália Cândida de Sá Menezes Moniz Barreto de tradicional família baiana.
Foi casado com Luiza Souza Martins, com a qual teve três filhos: Francisco de Sá Menezes, Jayme de Sá Menezes Filho e Arthur de Sá Menezes Neto. Foi médico, biógrafo, historiador e professor, um dos fundadores da Academia de Medicina da Bahia, membro titular da Academia de Letras da Bahia e da Academia Panamericana de História da Medicina. Obteve a graduação em medicina, em dezembro de 1944, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
Entre os inúmeros cargos que ocupou destaco: presidente do Instituto Bahiano de Medicina e Ciências Afins; presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia; membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; membro correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de Santos, Minas Gerais e Sergipe; presidente consultivo da Cruz Vermelha Brasileira, secção Bahia; médico do Departamento Nacional de Saúde e do Ministério da Educação e Cultura; professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; e Secretário Estadual de Saúde nomeado na segunda gestão do governador Juracy Magalhães, entre 1959-1962.
Sua produção cultural e científica foi vasta, tendo publicado vários artigos científicos, sobre história da medicina, genealogia e biografias.
Proferiu, na Bahia e em outros Estados, magnificas conferências sobre a história da medicina brasileira.
Em relação a biografias, publicou ensaios biográficos sobre a vida de eminentes brasileiros como, por exemplo, Francisco de Castro (patrono da cadeira 21 da Academia de Medicina Bahia, da qual ele foi o primeiro ocupante), Miguel Couto, Oswaldo Cruz, Miguel Calmon e Visconde do Rio Branco. Suas publicações foram feitas em jornais locais como “Diário de Notícias”, “A Tarde” e “Estado da Bahia”; e em importantes periódicos a exemplo da “Revista Portuguesa de Medicina”, “Anais da Academia de Medicina da Bahia”, “Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia”, “Revista do Instituto Genealógico da Bahia”, e “Revista da Academia de Letras da Bahia”.

Entre os vários livros por ele publicados, enumero: “Caminhada”, “Agrário de Menezes: Um liberal no Império”, “Na senda da história e das letras”, “Vultos que ficaram: Os irmãos Mangabeira”, “Os Carneiro de Mendonça”, e “Medicina indígena” Recebeu várias comendas e medalhas, entre elas a da Imperatriz Leopoldina, Barão de Goiânia, Pirajá da Silva, Castro Alves, Gaspar Viana e Ana Nery. Foi um humanista, erudito e detentor de notável cultura. Sylvio Fialho cognominou-o “o grão senhor das letras e da inteligência”. Faleceu aos 84 anos, em 2001.

Nilzo Augusto Mendes Ribeiro (1944 -)

Nilzo Augusto Mendes Ribeiro, atual Membro Emérito desta Academia e que me antecedeu na cadeira 21, nasceu em 6 de fevereiro de 1944, na Freguesia do Gôve, em Portugal, filho do Sr. Adelino Carvalho Ribeiro, comerciante, e D. Ana Alzira Mendes Ribeiro, do Lar.
É casado com Ângela Christina Cruz Dias de Mendes Ribeiro, médica, com a qual tem três filhos: Victor Ribeiro, graduado em tecnologia da informação; Daniel Ribeiro, médico, Christiana Ribeiro, graduada em música, que lhe deram três netos, Pedro Augusto Ribeiro (17 anos), João Victor Ribeiro (14 anos) e Theo Ribeiro (5 anos).
Em 1950, seus pais se mudaram com a família para o Brasil, indo morar no Rio de Janeiro.
Concluiu o curso Colegial do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, em 1962.
Naturalizou-se brasileiro, em 30 de maio de 1963.
Obteve a graduação em Medicina, em 1968, pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Fez a Residência Médica em Cirurgia Cardíaca e Experimental, entre 1969 e 1972, no Instituto de Cardiologia da Secretaria de Saúde de São Paulo, hoje Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.
Em 1972, prestou concurso na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara. Foi monitor das Cadeiras de Anatomia, Técnica Operatória e Clínica Cirúrgica, como bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq).
Em 1974, se mudou de São Paulo, para Salvador; e desde então é cirurgião cardiovascular do Hospital Santa Isabel de Santa Casa de Misericórdia do Salvador, Bahia.
Em 1978, obteve o título de Especialista em Cirurgia Cardiovascular do Departamento de Cirurgia Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Entre 1984 e 2002, foi professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, onde lecionou cirurgia do tórax, tendo sido chefe do Departamento de Cirurgia.
Foi Superintendente do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, no período de 1987 a 1991.
Desde 1990 é cirurgião cardiovascular do Hospital Aliança, em Salvador, Bahia.
Em 2003, foi eleito e tomou posse como membro titular da Cadeira de nº 21 na Academia
de Medicina da Bahia.
Em 2004, concluiu o Dourorado em Cirurgia Torácica e Cardiovascular pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Participou de varias atividades associativas, a exemplo de: Membro da Seção de Cardiologia da Associação Baiana de Medicina (1976); Membro da Sociedade Baiana de Cardiologia (1977); Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1983); Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1984); e Sócio-fundador da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (1986).
Recebeu várias comendas e honrarias, com destaque para a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro (1973); Título de Cidadão da Cidade de Salvador concedido pela Câmara Municipal (1985); Medalha Thomé de Souza, da Câmara Municipal de Salvador ((1993); Ordem do Mérito da Bahia, na Classe de Comendador, pelo Governo do Estado da Bahia (1994); Título de Cidadão Baiano, concedido pela Cidadão Baiano concedido pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (1994); Personalidade do ano pela enorme contribuição para Cirurgia Cardiovascular de todo Brasil bem como exemplo de vida e dedicação profissional, no 26º Congresso Norte/Nordeste de Cirurgia Cardiovascular (2015).
Nas horas vagas gosta de fazer caminhadas e leituras.
Dr. Nilzo continua ativo profissionalmente, operando no Hospital Santa Isabel e Hospital Aliança e atendendo em seu consultório no Centro Médico Celso Figueroa do Hospital Santa Izabel.
Ao rememorar e descrever a biografia desses ilustres colegas que me antecederam na cadeira 21 desta Academia, constato a imensa responsabilidade que terei em sucedê-los.
Esse panegírico também me fez refletir sobre a medicina holística praticada pelos meus ilustres antecessores e a medicina atual, considerações estas que brevemente lhes apresento.
Exercer e ensinar uma medicina humanista e humana, tem sido uma tarefa difícil para os colegas que compartilham dessa missão.
Infelizmente, na cultura ocidental, a medicina se desenvolveu afastando:

▪ O sentir, do saber;
▪ A anamnese e exame físico, dos exames complementares;
▪ A dimensão psicossocial, da biológica;
▪ O afeto, da técnica; e
▪ A empatia, do necessário distanciamento.

Cada vez mais, o indivíduo é reduzido a condição de doente (“vamos avaliar aquele paciente com pneumonia”), ou pior, reduzido a condição da própria doença (“vamos avaliar aquela pneumonia”). A alteração biológica passou a ser o tudo. O foco da anamnese e exame físico ficaram limitados à sintomatologia da doença, seguidos por inúmeros e muitas vezes desnecessários exames complementares.

Portanto, é necessário superar o antagonismo entre o tecnicismo e o humanismo cuidando do paciente na integralidade, usando a relação médico-paciente como recurso terapêutico, se aproximando de quem sofre, e sensibilizando o médico a ver o outro.

Para isso, se faz necessário acrescentar ao currículo médico o ensino de Humanidades para auxiliar e preparar o médico para cuidar de pessoas e não apenas de enfermidades.

Finalizo meu discurso, com três aforismos que sintetizam essa medicina a ser resgatada:

 

  • O primeiro, do poeta português, Fernando Pessoa, que disse: “A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são”;
  • O segundo, do médico e filósofo espanhol, José de Letamendi y Manjarrês, que disse: “O médico que apenas sabe medicina, nem medicina sabe”;
  • E o terceiro, do físico alemão Albert Einstein, que disse: “Quanto mais me aprofundo na ciência, mais me aproximo de Deus”.


Muito obrigado.
Crésio de Aragão Dantas Alves
Acadêmico Titular – Cadeira 21, Academia de Medicina da Bahia

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