Saudações...
Neste momento de imenso significado para mim, minha família e aqueles que ajudaram a pavimentar meu caminho, rendo-me às generosas palavras do confrade Jorge Pereira cuja laboriosa tarefa de reconstituição dos meus passos acadêmicos foi impelida pelo sentimento de mútua admiração e consideração, o que por certo levou-o a tingir com tintas mais fortes situações por muitas vezes mais simples.
Não irei repetir o que já foi dito com mais propriedade, e maior desembaraço, do que eu poderia fazer.
Mas quero sim neste momento em que a Academia de Medicina da Bahia me outorga o título de Membro Emérito deixar se reverberar o sentimento que genuinamente me assoma- o de pura gratidão.
Considerando mesmo que “a gratidão é o único tesouro dos humildes”, segundo Shakespeare.
Assim nesse momento quero agradecer a Deus, o Ser Supremo, Onipotente, Onipresente e Onisciente que me permitiu ser e aqui chegar.
Sempre reconheci a importância das Instituições- daquelas que servem ao proposito de organizar ações, favorecendo o direcionamento de esforços em direção ao bem do próximo e ao bem social.
Para estas cumpre-nos fazer o esforço necessário para o seu crescimento cada vez maior e perene.
Mas as Instituições ultrapassam em muito o período de vida de uma pessoa.
E, tendo alcançado este período já um tanto avançado de vida, eu percebo que ainda mais importantes, são as pessoas com quem interagi nessas Instituições, e cujas memórias ou presença, eu gostaria de me deter em documentar e referenciar.
A meus pais, Manuel Assis Feitosa e Gisélia Soares Feitosa que me incutiram o sentido de ética e de justiça.
A Ana, minha esposa, que Deus pôs no meu caminho há 59 anos, minha alma gêmea.
A minha família, Dr. Gilson Feitosa Filho, Dra. Luciana Feitosa Seabra, Dr. Gustavo Feitosa, seus consortes, netos, minha razão maior de felicidade.
Em 1970, neste mesmo salão nobre, recebi o título de médico desta Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, minha primeira Alma Mater, conforme já comentado pelo confrade Jorge Pereira.
Quantos sonhos, vontade e determinação!
Passados 53 anos agradeço a Deus, e a tantos, ver muitos deles atingidos.
E num momento como esse, ter a satisfação de ver aqui a presença de muitos dos colegas daquela turma UFBA 70.
Logo em seguida a minha pós graduação, como residência em clínica médica e em cardiologia, no que se tornou minha segunda Alma Mater, o Medical College of Pennsylvania, para onde fui orientado em escolher no processo de matching , após ser aprovado no ECFMG, pelo meu maior mentor, o Professor Heonir Rocha.
A minha vocação de médico, professor e investigador foram aí muito impulsionados e os Professores Donald Kaye, William Frankl, Steve Meister e Lamberto Bentivoglio serão sempre referenciados.
No meu retorno ao Brasil, na Bahia, tive a oportunidade de desenvolver plenamente as tais aptidões em duas instituições que neste momento reverencio com muita distinção:
O hospital Santa Isabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, onde tantos me ajudaram, destacadamente uma sequencia de provedores -Vitor Gradim, Jorge Filgueira, Alvaro Conde Lemos Filho, Roberto Sá Menezes, José Antonio Rodrigues Alves entre tantos outros e diretores e colegas como Heitor Carvalho, Antonio Carlos Sales Nery, José Carlos Brito, Guilhardo Ribeiro, Jamocyr Marinho e vários outros de uma longa lista.
E a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, onde cheguei como uma articulação do seu diretor , o Professor Orlando de Castro Lima e Dr Raimundo Perazzo, diretor do hospital Santa Izabel, onde recebi todo o apoio possível, com estímulos sucessivos do Prof. Celso Figueiroa, do confrade Geraldo Leite, da Diretora Maria Luiza Soliani, ao longo dos anos, podendo, ao lado de valiosos colegas médicos de ambas as instituições e os de assistência e gestão, desenvolver em plenitude, projetos de ensino e pesquisa que ajudaram a modelar a formação de centenas de médicos- essa a nossa principal contribuição.
Procuramos seguir o pensamento de Fernando Pessoa “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.”
Ou o nosso: “Fazer bem, o bem.”
Nas pessoas do Sr Provedor da Santa Casa- Sr. Jose Antonio Rodrigues Alves e da Reitora da Faculdade Bahiana de Medicina, a Professora Maria Luisa Soliani, reverencio a todos de ambas as instituições que alicerçaram meu desenvolvimento.
Agradeço também a oportunidade de poder contribuir para a prática assistencial que me foi possibilitada pelo Sr. Paulo Sérgio Tourinho, criador do modelar Hospital Aliança, do qual fui coordenador científico, encerrando o ciclo, com o seu falecimento em 2018.
A oportunidade de interação institucional por intermédio da Sociedade Brasileira de Cardiologia local, nacional e internacionalmente, já foi salientada pelo confrade Jorge Pereira, restando-me apenas registrar meu profundo agradecimento, na pessoa de um Ex-presidente, o con- frade Jadelson Andrade, do Comite Administrativo da atual SBC, Dr Nivaldo Filgueira e do atual presidente da SBC- regional Bahia, Dr Joberto Sena.
Mas, neste momento em que sou agraciado com a elevação a Membro Emérito desta Academia de Medicina da Bahia, gostaria de trazer aos presentes uma breve percepção do que vivenciamos na nossa Academia.
Fui incentivado a integrar a Academia de Medicina da Bahia pela saudosa professora Maria Tereza Pacheco de quem todos guardamos a lembrança da sua radiosa presença em todas as suas participações.
Tendo sido aprovado como membro titular em 2004 tive uma longa oportunidade de vivenciar a academia e conviver com figuras exponenciais que já nos deixaram nesse período como os confrades Alberto Serra Vale, Humberto Castro Lima, Nelson Barros ,Elsimar Coutinho, Antônio Jesuíno dos Santos Neto, Roberto Santos, Penildon Silva, Rodolfo Teixeira, Sonia Andrade, Zilton Andrade, Tomás Cruz, Almério Machado, Armenio Guimarães, Agnaldo David de Souza, Newton Guimarães, Carlos Alfredo Marcílio, Ricardo Ribeiro dos Santos, Sebastião Loureiro. Todos de saudosa memória com quem tive contato nestes últimos 20 anos podendo testemunhar o quanto puderam contribuir, às vezes com seus próprios recursos, para manter viva esta Academia.
E como resultado deste esforço ingente a Academia refloresceu com a atitude includente do Presidente confrade Almério Machado, e, nos últimos 6 anos, com a agregadora, estimulante, dinâmica gestão do atual presidente, confrade Antônio Carlos Vieira Lopes e sua diretoria.
Vivenciamos então um momento de surgimento de muitas ações com interações positivas de todos e a oportunização de florescimento de atitudes que caracterizam no presente a atual Academia de Medicina da Bahia.
A pandemia da COVID-19 exigiu uma rápida incorporação de novas tecnologias para o desempenho de tarefas e função de empresas e instituições.
A Academia de Medicina da Bahia fez uma bem sucedida investida em processos de webinares e videoconferências e intensificou as suas ações voltadas para aspectos da ciência médica, do ensino médico e da saúde coletiva e pública.
Contando com a presença muito qualificada dos confrades e confreiras observou-se a possibilidade de contribuição de todos, com conhecimentos e atitudes, em vários assuntos de grande relevância acadêmica e para a comunidade.
Observa-se uma clara possibilidade de participação dos nossos confrades atuais em vários campos do conhecimento acadêmico com grande eficiência e contribuições nas discussões que têm sido feitas com muita regularidade entre nós.
É possível, ainda assim, reconhecer alguma predileção de comportamento próprio de pessoas em grupos para quem a especificidade do tema as torna o centro da atenção em nossas reuniões.
Pense-se em um tema que exija reflexão, humanismo e algo de um sentido religioso e logo virá à mente a contribuição da confreira Eliane Azevedo.
Pense-se em aspectos de uma ciência rebuscada e surgirão os nomes dos confrades Bernardo Galvão, Luís Freitas, Roberto Badaró, Raimundo Paraná, Washington Conrado do Santos, Jamari Oliveira, Mittermayer Galvão dos Reis, Helma Cotrim, Cesar Araujo, Alvaro Cruz.
Se o foco dos estudos diz respeito às reflexões gerais humanas, éticas e de desenvolvimentos da Escola Médica e vem a mente os nomes dos confrades Jorge Cerqueira, José Antônio de Almeida Souza, Antônio Natalino Dantas, José Valber Menezes e Antonio Carlos Lemos.
Se o assunto tem a ver com educação médica a atenção se volta para a confreira Maria Luiza Soliani e os confrades Antônio Alberto Lopes e Luiz Cláudio Corrêa Lemos.
Se o momento é de poesia e reflexões literárias vêm os nomes dos confrades Ernane Gusmão Ronaldo Jacobina e Jadelson Andrade.
Se temos temas de preocupação humanitária e com a coletividade surgem os nomes de Antônio Carlos Andrade, Betânia Torrales, Vilma Santana, Núbia Mendonça, André Almeida e Euclides Castilho.
Se há uma perspectiva de aprofundamento do entendimento do comportamento humano vem a mente os nomes dos confrades Irismar Reis, William Dunningham e Ângela Scippa.
Quando se necessita de pensamentos que expressem preocupações voltadas para o futuro das nossas crianças despontam os confrades Luciana Silva, Lícia Moreira, Crésio Alves e Graciete Vieira.
Quando se pensa em ações extensivas às comunidades sobressaem os nomes dos confrades Geraldo Leite, Fábio Vilas Boas e Reine Chaves.
Se a exploração é de temas cirúrgicos e suas inovações contamos com confrades Ubirajara Barroso, André Ney, Edval Fahel, Jorge Bastos, Ediriomar Peixoto, Alex Guedes, Nilzo Ribeiro, Humberto Campos e Juarez Andrade.
Temas clínicos sempre envolvem o interesse aprofundado dos confrades Reinaldo Martinelli, Octávio Mésseder, Leila Araújo, Francisco Hora, Jecé Brandão, Jorge Pereira e Aroldo Bacelar.
Claramente, e é o que se vê nas nossas reuniões, praticamente todos, a despeito dessa especificidade identificada, têm um pensamento abrangente em todas essas e outras esferas do conhecimento universitário, o que torna a nossa Academia de Medicina da Bahia, um reduto da mais alta qualidade para os que a integramos, ou nossos ilustres convidados, ou mesmo o público em geral, ao qual muitas dessas ações são dirigidas.
Por fim, sinto que esta homenagem que recebo com muita distinção, representa a culminância dos fatos que alcancei traduzindo ações de que mais me orgulho, a de poder ter servido, por um predeterminismo que foge à percepção comum, no estabelecimento de rotas de pensamento, que culminem em comportamento, atitude e conhecimento, na formação dos mais jovens.
Dedico assim a eles, alguns já não mais tão jovens, os ex-alunos e ex-residentes, assim como aos residentes atuais, ambos segmentos aqui presentes pessoalmente- para meu gáudio- os meus agradecimentos especiais.