Academia de Medicina da Bahia Scientia Nobilitat
Tamanho da Fonte
Armando Sampaio Tavares
Cadeira: 14
Patrono: Armando Sampaio Tavares

Nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia, no Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro de 1894. Era filho de Maria da Glória de Almeida Sampaio (Maria da Glória Sampaio Tavares) e Manoel Dias Tavares. Entre 1902 e 1907, o “curso primário” (ensino fundamental) aprendeu com a família da mãe: D. Ignácia Vieira da Costa e Almeida, Sr. Francisco Felix de Barros e Almeida, professor de aritmética, e D. Maria Angelina, professora de francês, língua muito importante na sua formação médica da época. (PINHO, 1994)
Em artigo publicado em O Palládio, jornal de Santo Antônio de Jesus, em 14 de janeiro de 1911, com o título “Reminiscências”, o jovem Armando, 17 anos, diz recordando com ternura de sua terra natal, ou melhor, nossa terra (RRJ): “aquela fase dourada da minha existência”, [...] “aquele saudoso tempo, que do mundo quase só tinha uma noção vaga – a de um campo atapetado das mais delicadas e odorantes rosas”[...] “A infância morreu... veio a juventude com seu cortejo de pesares compensado por prazeres”. (TAVARES apud ROCHA, 1978, p. 218; PINHO, 1994, p. 27)

Em 1907, tornou-se aluno interno do Ginásio Ipiranga. (CRUZ, 1998). Nesse período tem o testemunho de um colega e amigo, o diplomata Renato Almeida: “Tudo que aprendia tinha que ser profundo, explorando o conhecimento até as últimas consequências. ” (apud ROCHA, 1978, p. 219)

Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia (FMB, sigla; Fameb, acrônimo) em 1912. No curso médico, foi Interno de Clínica Médica, 1ª Cadeira, de 1915 a 1917, do seu grande mestre Clementino Fraga. Ainda acadêmico, em 1916, foi Interno de guarda do Hospital Santa Izabel. (TAVARES, 1917).

Neste período, publicou dois trabalhos. O primeiro foi “Lesões cardíacas na Bahia num período de 50 anos (1865-1915). Registro clínico do Hospital Santa Izabel”, publicado no número comemorativo dos 50 anos da Gazeta Médica da Bahia, em julho de 1916 (TAVARES, 1916). O outro: “Um caso de associação das síndromes de Raynaud e Weir-Mitchell’ (TAVARES, 1917), foi apresentado na Sociedade Médica dos Hospitais da Bahia, publicado na GMB em setembro 1917 e aceito também para publicação nos anais da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. (ROCHA, 1978b)

Foi membro da Sociedade de Beneficência Acadêmica (SBA). Em 1917, mesmo estudante, foi membro também da Sociedade Médica dos Hospitais da Bahia. (TAVARES, 1917)

Ele se formou em 15 de dezembro de 1917, pela Faculdade de Medicina da Bahia.

Sua tese inaugural foi “O Systema nervoso vegetativo e sua exploração no beribéri” (TAVARES, 1917), aprovada com Distinção, a nota máxima (ROCHA, 1978b). Na tese fez uma erudita revisão de aspectos morfogenéticos e fisiológicos do sistema nervoso vegetativo. Fez também experimentação clínica dos doentes mentais com beribéri, procedentes do Asilo São João de Deus (ROCHA, 1978b, p. 221), depois denominado Hospital Juliano Moreira, onde ele viria depois a atuar, dirigindo o laboratório de clínica.

Aluno laureado, mas o orador da turma de 1917 foi seu colega e amigo Edgard Rego dos Santos. Armando Tavares foi escolhido como orador para homenagear o paraninfo, Prof. Eduardo Rodrigues de Moraes (PINHO, 1994), que é patrono na cadeira 18 na Academia de Medicina da Bahia (AMBA).

Por três meses exerceu com habilidade e dedicação numa policlínica em sua cidade natal, Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano. Ainda em 1918, trabalha como médico auxiliar interino no Hospital de Isolamento em Mont Serrat, Salvador, que depois foi nomeado Hospital Couto Maia.

Começou cedo sua carreira docente, pois no ano seguinte à formatura, tornou-se Assistente Interino (1918), pois, com a aposentadoria do Prof. Agripino Barbosa, assistente do Prof. Clementino Fraga, este nomeou seu destacado aluno. Em 18 de novembro daquele ano tornou-se Professor Assistente Efetivo de Clínica Médica (1918-1926).

Casou em 31 de maio de 1919, com Maria Magdalena Almeida Sampaio, de quem tem triplo parentesco (PINHO, 1994). Tiveram dez filhos: Dulce, Myriam, Armando filho, Berenice, Gabriel, Dagmar, Abelardo, Solange, Renato e Maria. Sua filha Berenice Sampaio, que casou com o prof. Álvaro Rubim de Pinho, patrono da Cadeira n. 49 da AMBA, escreveu a biografia de seu pai. (PINHO, 1994)

Com permissão do governo, por dois anos, foi para o Rio de Janeiro e cursou com destaque “Bacteriologia, Protozoologia, Parasitologia e Helmintologia” no Instituto Oswaldo Cruz, chegando em chegando em 25 de julho de 1919 até 20 de novembro de 1920 (ROCHA, 1978; CRUZ, 1998). Lá teve contato com Prof. Carlos Chagas. (PINHO, 1994)

Em 1921, de volta a Salvador, dirigiu o Laboratório de Clínica e Microbiologia do Hospício São João de Deus, depois renomeado Hospital Juliano Moreira, patrono da Cadeira 30 da AMBA, que funcionou até 1925. O diretor Aristides Novis indicou seu nome e foi aprovado pelo governador José Joaquim Seabra, sendo contratado em 1º de setembro de 1921. A pedido do Prof. Novis, nomeado diretor de Saúde Pública, ele foi Diretor interino, de 11 de abril a 23 de junho de 1924. Cabe registrar que, em 1938, o Laboratório de Análises Clínicas foi reativado e recebeu o nome de “Armando Sampaio Tavares” (JACOBINA, 2001, p. 327; 348; 362). O Prof. Novis, patrono da Cadeira n. 13 da AMBA, junto com Clementino Fraga, foram referências para o jovem Armando.

Com seu retorno a Salvador, passou a dedicar-se à clínica particular, atuando já em 1921 no consultório na rua Chile, com os colegas Cesar de Araújo e Álvaro de Carvalho. Depois na ladeira de S. Bento, compartilhando com Dr. José Olympio. Em 1933, clinicou no consultório do Edifício Martins Catarino e, por fim, na rua Virgílio Damásio. “Ajudava as pessoas, na clínica da indigência do Hospital Santa Izabel, dando a mesma dedicação que aos doentes da alta roda” (PINHO, 1994, p. 61) nesses consultórios. Na época se dizia: “Armando tem um grande olho clínico” (idem, ibidem).

Por concurso, em 1927, foi Docente Livre de Clínica Médica, com a tese “Em torno da exploração funccional do fígado na Doença de Manson - Pirajá da Silva (Eschistosomose americana)” (TAVARES, 1927). No capítulo final desta tese, ele faz uma análise crítica de suas próprias falhas e limitações, sem nenhum subterfúgio, dizendo para os leitores o que mais poderia ter obtido. O tema da prova prática foi um interessante caso de nefropatia por intoxicação pelo chumbo (26/10) e da prova oral foi “Estudo etiopatogênico e clínico do diabetes”, três dias depois (PINHO, 1994; CRUZ, 1998) Ele obteve a nota máxima da Comissão Examinadora e a aprovação de todos os 32 professores da Congregação da Fameb. (ROCHA, 1978, p. 219-220)

Seu conterrâneo Alfredo Kilkerry celebrou este desempenho, publicando um artigo em “O Palladio”, jornal de sua terra natal, Santo Antônio de Jesus, em 19 de novembro de 1927: “[...] homem de uma cultura sólida e robusta inteligência, sem vaidades, com a atitude nobre dos que têm a medida exata do próprio valor”. (Apud PINHO, 1994, p. 72)

Em seu discurso de agradecimento, também publicado em “O Palladio”, no dia 25 de novembro se 1927, ele reafirma sua humildade: “Aqui, não cabem vaidades, que bem conheço o precário desta vida, tão transitório e somente pontual na sepultura. Aqui não há vitória, só amor”. (TAVARES apud PINHO, 1994, p. 73; grifo do autor)

Na aula magistral de abertura do Curso de 1927, disse: “Não temais jamais a confissão do vosso erro. Confessai os vossos e perdoai os alheios; ponde, porém, todo o vosso empenho em que jamais o pratiqueis de consciência” (TAVARES apud ROCHA, 1978, p. 220-221) Aos seus discípulos sempre dizia: “Quanto mais sei, acho que mais devo aprender”. (PINHO, 1994, p. 61)

Ele regeu interinamente a 1ª Cadeira de Clínica Médica de 1927 a 1929, quando, por concurso, tornou-se Professor Catedrático. Para o concurso apresentou tanto a tese de Livre escolha “Sobre o méthodo ectoscópico de E. Weisz. (Exposição e breve ensaio crítico) (TAVARES, 1929). Sobre este trabalho de “livre escolha”, suas conclusões são diversas e muito mais limitantes do que as do autor do método: “Não podemos aceitar tudo do novo método, participando do entusiasmo sem medida de seu autor” (TAVARES, 1929 apud ROCHA, 1978a, p. 222; grifo nosso). Sua análise crítica do método ectoscópico serve para ilustrar seu espírito crítico e observado em todo bom cientista.

Em relação a segunda tese do concurso – “sorteada” – o título foi: “Do conceito atual de arteriosclerose. A questão da hipertonia essencial”. Foi uma pesquisa exaustiva, pois ele consultou 358 referências bibliográficas para elaborar a tese (ROCHA, 1978 a; b). Ela depois lhe conferiu renome nacional e menção fora do país, pois o médico francês Louis Pasteur Valery-Radot (1886-1970), neto de Louis Pasteur (PASTEUR..., 1988), fez menção a este trabalho de Sampaio Tavares e o sobre esquistossomose da Livre docência numa publicação na Presse Medicale, em 1937 (ROCHA, 1978a, p. 222; 1978b, p. 114-115)

Sua prova prática foram dois casos: “sobre um doente de anemia verminótica” e “um caso de insuficiência aórtica, tipo Hodgson”, em 30 de outubro de 1929. A prova oral teve como tema “Formas clínicas da Tuberculose, sua importância para o prognóstico e diagnóstico”. Obteve a média final 9,92. Foi nomeado em 2 de dezembro de 1929, tomando posse ainda naquele mês. (PINHO, 1994)

Recebeu de seu mestre querido, Clementino Fraga, um telegrama: “Exulto sua vitória, como se minha fosse. [...] Estreitando-o num forte abraço, peço a Deus seja este primeiro triunfo da série, que lhe reserva vida magistério superior. Muitos parabéns” (Fraga apud PINHO, 11994, p. 94). O mestre Clementino estava certo. Como Professor Catedrático ficou na cadeira de 1929 a 1944, quando se encantou muito jovem, aos 49 anos.

Em 1930, foi comissionado pelo governo Federal para representar o Brasil na VII Conferência Internacional de Tuberculose, reunida em Oslo, Noruega, onde apresentou o trabalho “O ensino de Tisiologia aos estudantes de Medicina”, que foi publicado tanto na Memória da VII Conferência quanto na Gazeta Médica da Bahia, de 1931.

Ao retornar da Noruega, no navio Almanzorra, em que viajava também o governador da Bahia Victal Soares, eleito vice-presidente, com Júlio Prestes presidente e não empossados pela “Revolução de 30”. O navio chegou em Salvador em 23 de outubro de 1930 e ninguém poderia descer até que no dia seguinte, Armando Tavares, que não tinha envolvimento político, pode saltar do navio e ir para a cidade de Nazaré ver seu pai, que estava doente, falecendo poucos dias depois (VIANNA, 1967, p. 237-238; PINHO, 1994, p. 23) Versátil, em 1940, apresentou o trabalho sobre “hipertensão no climatério” no congresso Pan-Americano de Endocrinologia, em Montevidéu, Uruguai.

Armando Tavares é mais um membro da “Escola Tropicalista da Bahia”, pelos seus estudos sobre o beribéri, a esquistossomose, pela sua decisiva participação na Gazeta Médica da Bahia, tendo sido “Redator-Secretário” da revista.

Ele foi paraninfo da turma de 1932, quando a Faculdade de Medicina da Bahia fez cem anos com esta denominação. Voltou a ser homenageado novamente em 1939. Atuou na Sociedade Médica dos Hospitais da Bahia, cuja revista recebeu muitas de suas publicações, na Sociedade de Medicina Legal e Criminologia da Bahia e na Sociedade de Medicina da Bahia, tendo sido presidente. Entre as honrarias conquistadas pelos seus méritos docentes e científicos, tem-se o título de Membro Correspondente da Academia Nacional de Medicina, recebido em 1933, e da Sociedade de Medicina Interna da capital da república, Rio de Janeiro. (PINHO, 1994, p. 62)

Muito produtivo publicou não só na Gazeta Médica da Bahia (ver Quadro 1), em geral publicadas também no Boletim da Sociedade Médica dos Hospitais (Quadro 2), na Revista Médica de Pernambuco (Quadro 3), na Bahia Médica e Brasil Médico (Quadro 4), Cultura Médica, Arquivos do Instituto Nina Rodrigues, Arquivos Brasileiros de Medicina, entre outras.

Cabe aqui relembra um trecho do seu discurso de posse como Professor Catedrático, ao afirmar inicialmente que “Vale a vida pelo ideal que ela encerra”. De início ele esclarece o sentido de “ideal” baseado no filósofo William James: “Um ideal deve ser concebido intellectualmente como alguma cousa que temos consciência de que se encontra deante de nós e deve levar consigo aquella espécie de expressão, de lucidez, de elevação que acompanha os factos intellectuaes mais sublimados” (TAVARES, 1929, p. 238). Mais adiante, ele explicita: “Ensino, porém, com amor, dando ao ensino um pouco de mim mesmo; sou dos que crêem, que é do mestre a missão mais sublime e que ensinar por egual se distribue o benefício, entre o que o professa e o que aprende”. (TAVARES, 1929, p. 252)

O Prof. Armando Tavares se encantou em 30 de março de 1944. Prof. Francisco Peixoto de Magalhães Netto, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, disse em homenagem ao colega:

Grande médico, grande mestre, um sábio e um santo. Foi-lhe a medicina a dominante paixão. E nos misteres da clínica suas invejáveis aptidões profissionais se harmonizavam, à maravilha, com os inesgotáveis valores afetivos e morais generosamente utilizados em proveito dos doentes. Ninguém entre nós exerceu a profissão com mais seguro critério científico, mais desprendida e humanitariamente. [...] Suas horas de lazer, dedicava-as em grande parte a estudos filosóficos e de literatura. O vernáculo conhecia-o a fundo e cuidava-o como um artista [...] (MAGALHÃES NETTO apud CRUZ, 1998, p. 323)

Seu mestre querido Clementino Fraga, escreveu no Jornal do Comércio, em 1944, sobre seu aluno dileto e depois colega:

Vi nascer-lhe a vocação para o magistério, madrugada nos anseios da jornada, de mira feita nos amplos domínios da Clínica Médica. Conheci depois o Professor, que fez reviver e cintilar, [...] o brilho tradicional da Cadeira...[Clínica Médica 1) Tavares foi Professor de palavra fácil, quente e nervosa, capaz de entusiasmo e comoção; à cabeceira do doente a linguagem lhe saia fluida e bem timbrada, viva e ágil na exposição do caso clínico, prudente na afirmação diagnóstica, reticente no prognóstico, confiado na terapêutica, reunindo os requisitos normais de uma lição clínica, pensada e polida, no apreço das responsabilidades magistrais” (FRAGA, apud ROCHA, 1978, p. 221)

Em artigo publicado no jornal A Tarde, em 1952, seu mestre Aristides Novis destacou o grande clínico que foi Armando Tavares, juntamente como o colega Sabino Silva:

Em matéria de vocação clínica apraz-me representa-la numa homenagem de saudade nas inconfundíveis figuras de dois discípulos muito amados, vividos em Armando Tavares e Sabino Silva, que se fizeram mestres de escol. Pressenti-lhes a centelha, ao nevoeiro que é sempre a vida, interrogada dos bancos escolares. E orgulhei-me destas luzes. “ (NOVIS apud ROCHA, 1978, p. 223; grifo nosso)

Em sua Memória Histórica de 1942, apresentada à Congregação da FMB em 1952, o Professor Eduardo de Sá Oliveira dá o seguinte depoimento:

Inteligência vigorosa, cultura médica aprimorada, mestre exemplar, ainda se notabilizou o Dr. Armando Tavares nos domínios da clínica, onde se tornou um pontífice, em sua época, não só pelo acerto da providência terapêutica, como pela grandeza de seu coração. (OLIVEIRA, 1992, p. 377)

Sobre o Mestre Tavares, disse com precisão um dos seus alunos, depois assistente, Luiz Rogério de Souza:

[...] nele se casavam, à perfeição, a solicitude do clínico, a abnegação do mestre, a visão larga do humanista, o gosto apurado do artista, a prudência do filósofo, a inteireza do patriota, tudo isso animado por um grande coração,cheio de sensibilidade e de afeto [...]. Afagava e confortava cada doente, antes de mais nada; depois, examinava-o com minúcia e interesse, realizando na prática o que pregava na doutrina (apud ROCHA, 1978a, p. 218; 220) 
[...] ele jamais distinguiu o doente burguês, que lhe remunerava o trabalho, do indigente que sofria no leito do hospital (apud CRUZ, 1998, p. 331)

Um traço já referido mas tem que ser destacado, a sua bondade. O Prof. César Araújo, patrono da Cadeira 45, em seu discurso de despedida de Catedrático de Pneumologia disse sobre o mestre: “Armando Tavares, nunca esquecido e agora relembrado sábio e santo, um dos mais nobre e imaculados modelos humanos que jamais conheci e em cuja companhia edificante aprendi a lição admirável de como é bom... ser bom”. (ARAUJO, 1967)

Em seu discurso de posse na cadeira n. 14 da AMBA, Prof. Heonir Rocha faz a seguinte reflexão: “É muito digna a função de conciliar o passado com o futuro, de entrelaçar o transitório com o permanente”. (ROCHA, 1978a, p. 227) De modo minucioso detalha as qualidades de seu patrono: “Armando foi um grande Professor ... Tavares teve uma boa produção científica ...Tavares foi um homem humilde ... Tavares foi pai extremoso, profundamente dedicado à sua família ... Tavares via nos homens os verdadeiros valores, e não apenas a excelência de suas qualidades intelectuais ou sociais ... Um democrata consciente, um homem que confiava em seu povo e em seu país ... Um homem amante da ordem, disciplinado e com profundo sentimento de gratidão ... Tavares foi um humanista ... e foi um homem de fé”. Por fim, chega as seguintes conclusões a partir das lições de seu patrono:

[...] As lições que pude tirar da vida de Tavares não são matéria do passado. Serão sempre assunto do presente. Ele foi um homem que adquiriu cultura e amadureceu sua sabedoria; venceu em todos os campos de sua vida; triunfou em suas competições; teve sede de aprender, de conhecer. Sua vida nos ensina muito mais, entretanto, [q]uando se percebe o sentido verdadeiro que ele procurou dar a ela: o de servir, o de ajudar. E esta é a mais profunda sabedoria do homem. ” [...]. Como “nos diz Heschel: A aspiração do homem é ter, mas a perfeição é dar (ROCHA, 1978 a, p. 228)

Abraham J. Heschel (1907-1972), referido pelo mestre Heonir Rocha, é o filósofo e ativista de direitos civis polonês judeu. Recomendamos a leitura do texto Prof. Heonir Rocha (1978) sobre seu Patrono, seja o discurso de posse (1978 a) ou o artigo que fez logo depois baseado nessa fala. (1978b)

Como já constatado acima, seu nome foi escolhido para Patrono da Cadeira número 14, da Academia de Medicina da Bahia (AMBA), fundada em 1953. A cadeira na AMBA teve como Titular o Prof. Heonir de Jesus Pereira Rocha, e o Titular atual é o confrade Prof. Reinaldo Pessoa Martinelli.

Referências
ARAUJO, César. Elogio a Armando Tavares ao deixar a cátedra, A Tarde, Salvador, 12 de dezembro de 1967.
CRUZ, Thomaz. Médico e mestre, sábio e bom. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Salvador, v. 11, p. 323-332, dez. 1998.
JACOBINA, Ronaldo R. A prática psiquiátrica na Bahia (1874-1947): estudo histórico do Asilo São João de Deus/Hospital Juliano Moreira. 2001. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública - Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ, Rio de Janeiro, 2001.
OLIVEIRA, Eduardo de Sá. Memória histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador: Conselho Editorial da UFBA, 1992. p.375-377.
PASTEUR VALLERY-RADOT (Louis). Grande Enciclopédia Larousse Cultural, São Paulo: Editora Nova Cultural, 1988. p. 4564
PINHO, Berenice Sampaio Rubim de. Armando Sampaio Tavares: notícias e recordações. Salvador: UFBA; Academia de Medicina da Bahia, 1994.
ROCHA, Heonir. Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Salvador, v. 02, p. 217-228, jun. 1978a.
ROCHA, Heonir. Armando Tavares: Um, inesquecível professor de Clínica Médica. Sinopse Informativa. Órgão da Diretoria da Faculdade de Medicina da UFBA. Salvador, v. 2, n. 2, p. 111-116, out. 1978b.
SANTA’ANNA, Eurydice Pires de; TEIXEIRA, Rodolfo. Gazeta Médica da Bahia: índice cumulativo 1866-1976. Salvador: Universidade Federal da Bahia, 1984.
TAVARES, Armando Sampaio. Lesões cardíacas na Bahia num período de 50 anos (1865-1915). Registro clínico do Hospital Santa Izabel. Gazeta Médica da Bahia, Salvador, v. 49, n. 1, p. 297-302, jul. 1916. [50 anos da GMB]
TAVARES, Armando Sampaio. Um caso de associação das síndromes de Raynaud e Weir-Mitchell. Gazeta Médica da Bahia, Salvador, v. 49, n. 1, p. 110-126, set. 1917.
TAVARES, Armando Sampaio. O systema nervoso vegetativo e sua exploração no beribéri. Tese (Inaugural) – Faculdade de Medicina da Bahia. [Salvador]: Imprensa Official do Estado, 1917.
TAVARES, Armando Sampaio. Em torno da exploração funcional do fígado na Doença de Manson - Pirajá da Silva (Eschistossomose americana). Tese (Livre Docência). Bahia [Salvador]: A Nova Gráphica, 1927.
TAVARES, Armando Sampaio. Sobre o méthodo ectoscópico de E. Weisz. (Exposição e breve ensaio crítico). Tese 1 [Livre escolha] (Concurso à Cadeira de Clínica Médica I). Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia [Salvador]: A Nova Gráphica, 1929.
TAVARES, Armando Sampaio. Do conceito atual de arteriosclerose. A questão da hipertonia essencial. Tese 2 [Tema sorteado] (Concurso à Cadeira de Clínica Médica I) Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia [Salvador], 1929.
TAVARES, Armando Sampaio. Discurso de Posse [Professor Catedrático]. Gazeta Médica da Bahia, Salvador, v. 60, n. 6, p. 238-253, dez. 1929.
TAVARES, Armando Sampaio. O ensino de Tisiologia aos estudantes de Medicina. Gazeta
Médica da Bahia, Salvador, v. 61, n. 6-7, p. 327-332, jan.-fev. 1931.
VIANNA, Hélio. História do Brasil. Vol. I. 6ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1967.


Salvador 22 de fevereiro de 2022

Ronaldo Ribeiro Jacobina

Titular da Cadeira nº 29 da Academia de Medicina da Bahia.

Titular da Cadeira nº 7 do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins.

Professor Titular de Medicina Preventiva e Social, FAMEB-UFBA

Academia de Medicina da Bahia
Praça XV de novembro, s/nº
Terreiro de Jesus, Salvador - Bahia
CEP: 40026-010

Tel.: 71 2107-9666
Editor Responsável: Acadêmico Jorge Luiz Pereira e Silva
2019 - 2024. Academia de Medicina da Bahia. Todos os direitos reservados.
Produzido por: Click Interativo - Agência Digital