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Alberto Alves da Silva
Cadeira: 1
Patrono: Alberto Alves da Silva
Patrono

Nasceu Alberto Alves da Silva em Salvador, em 9 de janeiro de 1900. Filho de D. Ana Américo de Oliveira e Juvenal Alves da Silva, magistrado e poeta. Fez o curso de Humanidades no Ginásio Carneiro Ribeiro. Diplomou-se em Farmácia, em 15 de março de 1924, e em Medicina, em 27 de dezembro do mesmo ano, ambos os cursos funcionando no prédio da Faculdade de Medicina da Bahia. Sua tese inaugural foi O pneumothorax artificial no tratamento da tuberculose pulmonar. (MEIRELLES et al., 2004)

     Casou-se com sua prima Hilda Mascarenhas da Silva e tiveram dois filhos: Hilberto Alves da Silva, economista e professor universitário; e Amarilis da Silva Andrade, professora. Sua bisneta Ana Karina Santana formou-se em Medicina. (CRUZ, 1993)

     Dr. Alberto Silva se especializou em Tisiologia, atuando não só no consultório, mas também em serviço público de Saúde, no Dispensário Ramiro de Azevedo, tendo sido diretor desse relevante serviço. Apresentou trabalhos de sua especialidade em congressos nacionais e estrangeiros, como: Tuberculose e Serviço social (III Congresso Nacional de Tuberculose, Recife); O Pneumotórax terapêutico: seu papel econômico-social (I Congresso Internacional de Tuberculose, Argentina). Outros trabalhos no tema destacados são: Quimioterapia da tuberculose pulmonar e Ouro e tuberculose. (SOUZA, 1973; CRUZ, 1993)

     Outro campo que se destacou foi o da historiografia médica e biográfica em geral. É o autor de A Medicina jesuítica na Bahia, Anchieta – Apóstolo da medicina, A flebotomia entre os selvagens brasileiros, A doença de Castro Alves e, sobretudo, A Primeira médica do Brasil. Neste livro, ele esclareceu a controvérsia sobre este protagonismo feminino, conferindo de modo definitivo o mérito da primeira médica formada no Brasil a Rita Lobato Velho Lopes, gaúcha, diplomada em Salvador, no ano de 1887, na escola mater da Medicina brasileira. (SILVA, 1954)

     Entre as obras históricas em geral, que se dedicou a pesquisar a partir de 1950, e depois publicar, destacam-se: A cidade de Tomé de Souza, A primeira cidade do Brasil (aspectos seculares), texto que recebeu o prêmio da Academia Baiana de Letras, em 1955; As virtudes de Ruy Barbosa e outras biografias, como as de Ernesto Carneiro Ribeiro, João Capistrano de Abreu e o Barão de Rio Branco. Merece destaque uma publicação póstuma, em espanhol, Doña Juana, la Loca. Foi publicada em Madri, em 1957. O livro conta a história da infeliz rainha de Castela, filha de Felipe e Isabel, os Reis Católicos. (CRUZ, 1993)
     Esteve muitas vezes em Madri e Salamanca, pronunciando conferências a convite do governo espanhol, tendo recebido a condecoração da Ordem de Afonso X, em 22 de agosto de 1953.

     Alberto Silva, referido como discípulo direto de Teodoro Sampaio, engenheiro e historiador, que participou da reconstrução da escola mater da Medicina depois do incêndio de 1905, foi destacado docente, tendo ensinado em instituições de ensino médio, como: o Educandário dos Perdões, o Colégio Carneiro Ribeiro, no Colégio Sofia Costa Pinto e no Instituto Bahiano de Ensino. No ensino superior, foi Professor Catedrático de História Econômica Geral e de História do Brasil na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade da Bahia, atual Universidade Federal da Bahia. Foi convidado a lecionar História da Medicina na Escola de Medicina e Saúde Pública, mas faleceu logo após o convite.

     Ele teve uma intensa vida associativa, tendo sido um dos fundadores, em 1946, e o 2º Presidente (dez.1951-nov.1953) do Instituto Bahiano de História da Medicina. Foi titular da Cadeira n. 30, cujo patrono é Braz Hermenegildo do Amaral. Ocupou a cadeira n. 14 da Academia de Letras da Bahia, foi membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. E membro correspondente da Academia Portuguesa de História e a Academia de Ciências de Madri. 
    Nos seus últimos quatro anos de vida, quando enfrentou uma neoplasia, continuou trabalhando, escrevendo e pesquisando. Encantou-se em 10 de dezembro de 1957. 

      Alberto Silva é o patrono da Cadeira n. 1 da Academia de Medicina da Bahia. Urcício Santiago, que foi o primeiro Titular desta Cadeira, escreveu que “se a Manoel Antônio de Almeida coube o privilégio de instaurar a figura do médico-escritor, foi Alberto Silva, com efeito, o consolidador dessa figura” (apud CRUZ, 1993, p. 88) Outro testemunho foi o de Jayme de Sá Menezes, que, em sua oração fúnebre ao colega e amigo, disse: “tu sempre o mesmo Alberto Silva, bom conciliador, idealista, pronto a servir... com aquele teu peculiar desejo de estimular os moços... animado, resoluto prestimoso”. (Ibid.; grifo nosso)

    O historiador Antônio Loureiro de Souza, em sua obra sobre os “Baianos ilustres” diz: “entre os grandes nomes da historiografia baiana estará, sempre, figurando destacadamente, o de Alberto Silva. Pesquisador honesto e beneditino, não se limitava a, apenas, colher os dados nos arquivos; interpretava-os, analisava-os com profundo senso crítico” (SOUZA, 1973, p. 313)

      Thomaz Cruz, Titular Emérito da cadeira n. 1 da Academia de Medicina da Bahia, destacou de seu Patrono, além de sua competência médica, os seus talentos para além da Medicina: professor, historiador, jornalista, escritor e humanista. “Alberto Silva foi, pois, um desses raros representantes da espécie humana em quem o profissional e o homem se equivaleram, se completaram. Medicina e História nele se confundiam, Ciência e Arte nele se complementaram, conhecimento e cultura se sobrepuseram”. (CRUZ, 1993, p. 85)

Referências
CRUZ, Thomaz Rodrigues Porto da. Discurso de Posse na Academia de Medicina da Bahia. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Salvador, v. 9, p. 79-97, set. 1993.
MEIRELLES, Nevolanda Sampaio; Santos, Francisca da Cunha; Oliveira, Vilma Lima Nonato de; Lemos-Júnior, Laudenor P.; Tavares-Neto, José. Teses doutorais de titulados pela Faculdade de Medicina da Bahia, de 1840 a 1928. Gazeta Médica da Bahia, Salvador, v. 74, n. 1, p. 9-101, jan.-jun. 2004
SOUZA, Antônio Loureiro de. Alberto Silva (9-1-1900 – 9-12-1957). In: SOUZA, Antônio Loureiro de. Baianos ilustres (1564-1925). 2.ed. Bahia: Secretaria da Educação e Cultura-Governo do Estado da Bahia, 1973. p. 313-314.
Leitura recomendada
CRUZ, Thomaz Rodrigues Porto da. Discurso de Posse na Academia de Medicina da Bahia. Anais da Academia de Medicina da Bahia, Salvador, v. 9, p. 79-97, set. 1993.
 

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